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Trump estuda tarifas setoriais que afetariam todos os países, diz jornal

Presidente eleito revisa proposta de tarifas para todos os países, focando em setores estratégicos para segurança econômica, segundo o Washington Post

https://www.washingtonpost.com/business/2025/01/06/trump-tariff-economy-trade/ (Andrew Harnik/AFP)

https://www.washingtonpost.com/business/2025/01/06/trump-tariff-economy-trade/ (Andrew Harnik/AFP)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 6 de janeiro de 2025 às 10h43.

A equipe do presidente eleito Donald Trump está avaliando uma nova abordagem para tarifas de importação, reduzindo o escopo de sua proposta original de tarifas universais de até 20% sobre todos os produtos que chegarem aos Estados Unidos.

Agora, as discussões se concentram em tarifas aplicadas a setores específicos considerados cruciais para a segurança nacional e econômica, como cadeias industriais de defesa, suprimentos médicos e produção energética, segundo apuração do jornal The Washington Post. A lista de áreas, no entanto, ainda não estaria definida.

Embora os detalhes finais ainda estejam em negociação, a mudança sinalizaria um esforço para equilibrar a promessa de revitalizar a indústria doméstica sem causar choques de preços que poderiam prejudicar consumidores e empresas americanas. As propostas originais de tarifas amplas enfrentaram críticas por seu potencial de aumentar os custos de bens essenciais e de provocar retaliações globais.

A equipe de transição de Trump, liderada por assessores como Vince Haley e Scott Bessent, está projetando medidas que estimulem a produção doméstica e dificultem o envio de produtos via países intermediários para evitar as tarifas. No entanto, especialistas alertam que mesmo uma abordagem setorial poderia desencadear tensões comerciais e pressões inflacionárias, especialmente em setores como insumos industriais e materiais raros.

A história das tarifas no governo Trump

Durante seu primeiro mandato, Trump impôs tarifas a mais de US$ 360 bilhões (R$ 2,2 trilhões) em produtos chineses, especialmente em aço, alumínio e outros bens estratégicos. Essas ações geraram tensões com aliados globais e redirecionaram cadeias de suprimentos, com países como Vietnã aumentando suas exportações para os Estados Unidos. Agora, as tarifas setoriais universais visam fechar lacunas desse tipo, priorizando produtos essenciais para a economia americana.

A escolha dos setores para as novas tarifas ainda está em discussão, mas deve incluir materiais críticos como baterias, minerais raros e equipamentos médicos. Essas categorias foram escolhidas por seu impacto na segurança econômica e pela necessidade de reduzir a dependência de fornecedores estrangeiros.

Implicações econômicas e políticas

Embora Trump tenha reafirmado recentemente que “as tarifas criaram riqueza imensa para nosso país”, economistas questionam os impactos de longo prazo. Segundo Kimberly Clausing, economista da UCLA e ex-conselheira no Departamento do Tesouro, tarifas podem elevar os custos de insumos industriais, prejudicando a competitividade global das empresas americanas.

A proposta de Trump também destaca preocupações com a utilização de países como México e Canadá como vias para produtos chineses entrarem no mercado americano.

Além disso, há críticas quanto ao impacto das tarifas sobre os preços para os consumidores. Produtos básicos, como alimentos e eletrônicos, poderiam sofrer aumentos significativos caso as tarifas sejam aplicadas de forma ampla ou setorial.

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