Em entrevista, Trump deixou de lado as mais de 67.600 mortes nos Estados Unidos pela covid-19 (Oliver Contreras-Pool/Getty Images)
AFP
Publicado em 4 de maio de 2020 às 07h06.
Última atualização em 4 de maio de 2020 às 18h33.
Com tom otimista, Donald Trump afirmou no domingo (3) que os Estados Unidos terão uma vacina contra o coronavírus até o fim do ano e previu um ano de 2021 "incrível" na área econômica.
A seis meses das eleições, o presidente americano deixou de lado as mais de 67.600 mortes nos Estados Unidos pela covid-19, uma crise de saúde que afetou a economia e provocou o aumento dos pedidos de seguro-desemprego a níveis inéditos.
Sentado ao lado da imponente estátua de Abraham Lincoln, no Memorial dedicado ao 16º presidente da história dos Estados Unidos, Trump defendeu energicamente todas as decisões que anunciou para frear a pandemia e descartou ter demorado para anunciar medidas.
"Acredito que salvamos milhões de vidas", afirmou o presidente republicano durante um programa exibido ao vivo pelo canal Fox News.
Trump admitiu, no entanto, que os Estados Unidos devem perder "70.000, 80.00 ou 100.000 pessoas". "É horrível, não deveríamos perder nenhuma pessoa por isto", disse.
O presidente se declarou otimista sobre as pesquisas para o desenvolvimento de uma vacina contra o coronavírus.
"Acreditamos que teremos uma vacina até o fim do ano", declarou. "Os médicos dirão 'você não deveria dizer isso', mas vou dizer o que penso", completou.
Trump admitiu que ficará feliz mesmo que outro país passe à frente dos pesquisadores dos EUA na descoberta da vacina. "Se for outro país, vou tirar meu chapéu", disse. "Eu não me importo, só quero receber uma vacina que funcione", ressaltou.
Questionado sobre os riscos durante os testes em seres humanos em um processo de pesquisa que está sendo muito mais rápido do que o comum, Trump disse "eles são voluntários. Eles sabem no que estão se metendo".
Atualmente estão em desenvolvimento mais de 100 projetos de vacinas contra a COVID-19 ao redor do mundo, 10 deles já na fase de testes clínicos.
Trump insistiu em seu desejo de permitir o retorno das atividades no paísede maneira prudente, mas o "mais rápido possível", e se mostrou otimista sobre as perspectivas econômicas para o próximo ano.
O tom otimista adotado pelo 45º presidente dos Estados Unidos desde o início da crise da covid-19 provoca reservas mesmo dentro de seu partido.
George W. Bush, o último presidente republicano antes de Trump, lançou um pedido de união no sábado.
"Vamos lembrar o quão pequenas são nossas diferenças em relação a essa ameaça", disse ele em um vídeo, acrescentando: "vamos lembrar que empatia e bondade são ferramentas essenciais e poderosas".
No sábado, Trump sofreu uma derrota: os presidentes das duas Casas do Congresso rejeitaram sua proposta de testar os senadores para a COVID-19, previamente à sua sessão plenária desta segunda-feira.
Embora grandes rivais políticos, a presidente democrata da Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, e o líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, fizeram uma declaração conjunta para dizer que o Congresso preferiu continuar ajudando na instalação da linha de frente contra a covid-19.