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Trump é questionado por nomear advogado pessoal para cargo no governo

Republicano nomeou advogados que já ridicularizaram a Justiça do país em processos contra ele

Trump prometeu retaliações contra supostos inimigos (Logan Cyrus/AFP)

Trump prometeu retaliações contra supostos inimigos (Logan Cyrus/AFP)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 28 de novembro de 2024 às 11h13.

Última atualização em 28 de novembro de 2024 às 11h16.

Logo após vencer a eleição presidencial, Donald Trump anunciou que queria chamar Todd Blanche, um de seus advogados pessoais, para ser o número 2 no Departamento de Justiça. Blanche consertaria "um sistema de Justiça quebrado", declarou Trump.

Dias depois, Blanche estava trabalhando em sua função atual, como defensor de Trump em um processo judicial em que ele ridicularizou um dos casos contra o republicano como "motivado politicamente e falho".

Segundo reportagem do Washington Post, Blanche, escolhido para ser o procurador-geral adjunto, enfrenta uma situação desconfortável, principalmente devido ao desejo declarado do presidente eleito de buscar retaliação contra seus investigadores e adversários políticos.

Se Blanche for confirmado, seu trabalho anterior representando Trump em vários casos criminais levantaria preocupações éticas, a menos que ele se recuse a qualquer coisa no Departamento de Justiça que possa tocar nesses assuntos.

A questão vai além de Blanche, já que Trump também escolheu dois de seus outros advogados — Emil Bove e D. John Sauer — para cargos no Departamento de Justiça. Mas Blanche foi escolhido para a posição número 2, logo abaixo do procurador-geral, e ele tem sido efetivamente o rosto da equipe de defesa de Trump desde que assinou como seu advogado no ano passado.

Período tumultuado

Blanche representou Trump durante um período tumultuado. Quatro acusações separadas contra o republicano eram levadas à Justiça enquanto ele fazia campanha para outro mandato na Casa Branca. Blanche liderou a equipe de defesa de Trump em três dos quatro casos: um que acusava Trump de manuseio incorreto de materiais confidenciais; um que o acusava de tentar obstruir a vitória de Joe Biden na eleição de 2020; e um de Nova York envolvendo acusações de falsificação de registros envolvendo suborno a uma ex-atriz pornô, Stormy Daniels.

Os dois processos federais contra Trump foram rejeitados, enquanto o resultado final do caso de Nova York permanece incerto. Um júri condenou Trump por 34 acusações de fraude em maio, embora o juiz tenha adiado a sentença várias vezes - mais recentemente para dar aos advogados do presidente eleito mais tempo para argumentar que o caso deveria ser arquivado devido aos resultados da eleição.

Embora ainda não esteja claro quais medidas específicas o Departamento de Justiça de Trump poderia tomar envolvendo questões em que Blanche representava o presidente eleito, Trump exigiu retaliação contra seus supostos inimigos.

Entre outras coisas, Trump sugeriu que o advogado especial Jack Smith, que abriu os dois casos federais, deveria ser expulso do país e disse que o promotor público de Manhattan, Alvin Bragg, que abriu o caso de Nova York, deveria ser processado. O Washington Post também relatou que Trump planeja demitir todos os membros da equipe de Smith.

O procurador-geral adjunto é responsável por supervisionar as operações diárias do Departamento de Justiça, uma agência com mais de 115.000 funcionários que se autodenomina "o maior escritório de advocacia do mundo". Nos EUA, o Departamento de Justiça também atua como Procuradoria-Geral.

Especialistas ouvidos pelo Post disseram que não havia problema em Blanche continuar representando Trump durante o período de transição, enfatizando que ele é advogado  e tem obrigações para com Trump e quaisquer outros clientes.

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