Trump: "É uma honra estar com você", afirmou o presidente americano (Carlos Barria/Reuters)
AFP
Publicado em 7 de julho de 2017 às 14h48.
O presidente americano, Donald Trump, reuniu-se pela primeira vez com seu colega russo, Vladimir Putin, nesta sexta-feira, paralelamente à reunião de cúpula do G20, para tentar superar a relação tempestuosa entre os dois países.
Esta reunião acontece em uma atmosfera tensa e caótica: a cúpula dos 20 líderes dos países mais poderosos do mundo tem sido perturbada pelos muitos confrontos entre a polícia e ativistas antiglobalização nas ruas de Hamburgo, na Alemanha.
"É uma honra estar com você", declarou Donald Trump ao cumprimentar seu colega com um forte aperto de mão.
O presidente americano disse esperar que as discussões propiciem "uma série de elementos muito positivos para a Rússia, os Estados Unidos e todos os envolvidos".
"Estou muito feliz em conhecê-lo e espero que (...) este encontro termine em um resultado positivo", ressaltou Putin.
"Nós conversamos ao telefone, mas conversas telefônicas nunca são suficientes", ressaltou o chefe do Kremlin.
Os dois líderes conversaram por telefone quatro vezes desde a chegada ao poder de Donald Trump em janeiro.
Ao chegar à Casa Branca, Donald Trump, muito elogioso a Vladimir Putin, defendeu uma aproximação entre os dois países. Isso seria "maravilhoso", havia considerado.
Mas este ambiente amistoso logo se deteriorou, em meio a suspeitas de conluio entre a equipe de Donald Trump e o Kremlin, e novas sanções americanas contra Moscou pela crise ucraniana.
Na quinta-feira em Varsóvia, Donald Trump criticou abertamente o papel "desestabilizador" da Rússia, acusada pelo Ocidente de apoiar militarmente os separatistas pró-russos na Ucrânia.
Muitas outras questões dividem os dois países, incluindo a guerra na Síria. A este respeito, os dois países continuam a dialogar apesar das enormes divergências, principalmente após a destruição pelos americanos de um avião sírio que ameaçava, segundo eles, seus aliados curdos.
Os Estados Unidos estão "dispostos a explorar a possibilidade de estabelecer com a Rússia mecanismos conjuntos" de estabilização na Síria, incluindo zonas de exclusão aérea e uma "entrega coordenada de assistência humanitária", ressaltou na quinta-feira o secretário de Estado americano, Rex Tillerson.
O G20 discute outros temas difíceis, como o clima e o comércio, em um centro de conferências transformado em campo de trincheiras diante dos ativistas anti-G20 determinados a se fazer ouvir.
Milhares de manifestantes tentavam se aproximar nesta sexta-feira à noite da Filarmônica de Elbe em Hamburgo, onde os 20 chefes de Estado e de Governo devem assistir a um concerto com suas esposas.
A polícia de Hamburgo precisou pedir reforços para lidar com as manifestações anti-G20, depois que viaturas foram incendiadas, cerca de 160 policiais foram feridos e ao menos 45 pessoas detidas.
A chanceler alemã Angela Merkel considerou "inaceitáveis" as manifestações violentas, que "colocam vidas em perigo".
No início do dia, a mulher do presidente Donald Trump, Melania Trump, ficou bloqueada em sua residência em Hamburgo, enquanto os pneus da delegação canadense foram perfurados pelos manifestantes. Estes prometeram "o inferno" durante o G20.
Na cúpula, onde os Estados Unidos nadam contracorrente sobre o clima e o comércio, a tensão era perceptível nos rascunhos do comunicado final.
Neste contexto, os líderes mundiais constataram o isolamento dos Estados Unidos e do presidente Donald Trump por sua posição de ceticismo sobre o clima.
O rascunho consultado pela AFP destaca que o acordo sobre o clima de Paris de 2015 é "irreversível" e afirma que outras nações do G20 estão comprometidas com o acordo, mas tomam nota da decisão de Washington de abandonar o pacto.