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Trump e premier italiano Conte consolidam frente unida populista

Trump recebeu Conte - um populista de direita, como ele - de braços abertos na Casa Branca. "Nos damos muito bem desde o começo", disse o americano

Conte e Trump: italiano disse que Roma quer se tornar um "interlocutor privilegiado" de Washington. (Brian Snyder/Reuters)

Conte e Trump: italiano disse que Roma quer se tornar um "interlocutor privilegiado" de Washington. (Brian Snyder/Reuters)

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AFP

Publicado em 30 de julho de 2018 às 20h35.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, trocou sorrisos e elogios com o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, nesta segunda-feira, quando ambos demonstraram convergência em todos os temas tratados, de Rússia à imigração.

Trump recebeu Conte - um populista de direita, como ele - de braços abertos na Casa Branca. "Nos damos muito bem desde o começo", disse o presidente republicano sobre Conte, de 53 anos.

"Aplaudo o primeiro-ministro por sua liderança audaz, verdadeiramente audaz, e espero que outros mais sigam este exemplo, incluindo os líderes na Europa", acrescentou.

Conte aproveitou o encontro para promover sua imagem e a de seu país, que há anos vive à sombra de grandes países europeus.

Descrevendo o "convite especial" de Trump como uma grande honra, Conte disse que Roma quer se tornar um "interlocutor privilegiado" de Washington.

Ele parece pronto para apoiar Trump, que busca apagar incêndios em casa antes das eleições legislativas de novembro, vistas como um plebiscito sobre seu governo.

Uma pesquisa da Economist/YouGov mostrou que somente 40% dos americanos aprovam a política externa de Trump.

O controverso presidente, de 72 anos, foi duramente questionado pela oposição democrata, e também pelo governo republicano, por sua complacência com o presidente russo, Vladimir Putin, na cúpula de Helsinki há duas semanas.

Conte considerou "frutíferas" essas negociações, insistiu na necessidade de um diálogo com a Rússia, expressou sua "inveja" pela economia americana na era Trump e chamou seu anfitrião de um "grande negociador".

"Muito de acordo" sobre imigração

Trump, que aplicou uma política fronteiriça de "tolerância zero" entre maio e junho, fazendo que centenas de menores fossem separados de seus pais imigrantes em situação irregular, aplaudiu a "postura muito firme" de Conte sobre este tema.

"Estou muito de acordo com o que você está fazendo em relação à imigração e à imigração ilegal, e inclusive à imigração legal", disse Trump, estimulando outros países europeus a seguirem seu exemplo.

Conte foi escolhido para dirigir o governo italiano pelos líderes dos partidos que venceram as eleições em março: o eurocético Movimento 5 Estrelas e o de extrema direita Liga.

A imprensa italiana avaliou que a reunião na Casa Branca vai impulsionar Conte, que costuma ficar à sombra do seu vice-primeiro-ministro e dos líderes dos partidos: Matteo Salvini, da Liga, e Luigi Di Maio, do M5E.

Conte quer alterar as regulamentações da União Europeia (UE) que preveem que pedidos de refúgio devem ser responsabilidade de um único Estado-membro - geralmente aquele por onde o refugiado chegou ao continente.

A Itália argumenta que a legislação cria um peso injusto aos países na costa do Mediterrâneo. Seu novo governo populista engrossou o tom para pressionar outros países da UE a compartilhar a responsabilidade pelos refugiados recém-chegados.

Seu governo fechou os portos italianos aos emigrantes e rejeitou diversos navios carregando refugiados resgatados no mar, ameaçando o futuro dessas operações.

Sintonia sobre a Rússia

Sobre a Rússia, tanto Trump como Conte são a favor de melhorar as relações, mas nesta segunda-feira o presidente americano, de olho na opinião interna, insistiu que as sanções por enquanto "permanecerão como estão".

Houve outro sinal de tensão quando Trump se queixou do déficit comercial dos Estados Unidos com a Itália, antes de acrescentar rapidamente: "Vamos solucionar".

De acordo com Nick Ottens, do Conselho do Atlântico, Trump "pode não encontrar o aliado que espera" em Conte.

Em matéria de comércio, o ceticismo do novo governo italiano sobre acordos multinacionais pode atrapalhar o objetivo de Trump de eliminar todas as tarifas aduaneiras da UE, segundo Ottens.

Já no setor de defesa, a Itália disse que não tem chance de alcançar a meta de destinar 2% do PIB - e menos ainda a nova meta estipulada por Trump na última reunião da Otan, de 4%.

No começo de julho, a ministra da Defesa italiana, Elisabetta Trenta, suspendeu a compra de aviões de combate americanos F-35.

Conte destacou que o contrato dos F-35 foi concluído há mais de uma década, mas prometeu proceder com cautela de uma maneira que seja "completamente transparente com nosso parceiro, o governo Trump".

Ambos líderes também minimizaram a importância das divergências sobre o Irã, onde as sanções americanas prejudicaram as relações comerciais ítalo-iranianas.

Trump disse que estava disposto a se reunir com os líderes iranianos sem condições prévias, mas não disse o que Teerã teria que fazer para que as sanções sejam suspensas.

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