Papa Francisco e Donald Trump: visões de mundo opostas dos dois líderes colidiram no ano passado, quando Francisco criticou duramente a campanha de Trump (Osservatore Romano/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 24 de maio de 2017 às 06h52.
Última atualização em 24 de maio de 2017 às 11h10.
Vaticano - O presidente dos EUA, Donald Trump, e o papa Francisco se encontraram nesta quarta-feira na cidade do Vaticano, deixando temporariamente suas divergências de lado para adotar um tom de paz.
Trump, em meio a uma viagem internacional de nove dias, teve uma audiência privada de 30 minutos com o pontífice, carregada de simbolismos religiosos e protocolos. O presidente, acompanhado por sua esposa e vários assistentes, chegou ao Vaticano às 8h da manhã (4h de Brasília).
Após o fim do encontro, o papa deu a Trump uma medalha com a imagem de um ramo de oliva, símbolo da paz, entre outros presentes.
"Podemos ter paz", respondeu o presidente.
As visões de mundo opostas dos dois líderes colidiram no ano passado, quando Francisco criticou duramente a campanha de Trump, que pregava construir um muro na fronteira com o México e fazia declarações de que os EUA deviam recusar imigrantes islâmicos e refugiados.
"Uma pessoa que só pensa em construir barreiras, onde quer que esteja, e não construir pontes, não é cristã", disse Francisco na ocasião. O pontífice é um grande defensor de refugiados, em especial daqueles que vêm da Síria, dizendo que é um "imperativo moral" e uma "obrigação cristã" ajudar.
Em resposta, Trump disse na ocasião que era "lamentável" que o papa duvidasse de sua fé.
Trump chegou à Itália na noite de terça-feira e sua carreata fechou uma importante estrada italiana logo após a hora do rush, chamando a atenção de centenas de espectadores. Ele dormiu na casa do embaixador dos EUA na Itália.
Trump e o papa são conhecidos pela sua imprevisibilidade, mas as visitas papais com chefes de Estado são cuidadosamente organizadas com um pouco de política e religião. Trump é o 13º presidente americano a visitar o Vaticano.
Nos últimos dias, Francisco e Trump têm concordado na necessidade de líderes muçulmanos se esforçarem mais contra o extremismo em suas próprias comunidades. Mas há outras áreas em que as visões não estão alinhadas.
Francisco, por exemplo, defende a necessidade de combater as mudanças climáticas e a desigualdade econômica. Ontem, o governo Trump anunciou um plano orçamentário que reduz drasticamente o financiamento de programas para a população de baixa renda dos EUA.
A visita de Trump a Roma ocorre após duas paradas no Oriente Médio, onde ele visitou os berços do islamismo e do judaísmo. Na Arábia Saudita, dirigiu-se a dezenas de líderes e reforçou a necessidade de lutar contra os extremistas e de isolar o Irã, o qual caracterizou como uma ameaça para a região.
Em Israel, reafirmou seu compromisso em fortalecer laços com o antigo aliado e disse que israelitas e palestinos devem começar o processo para chegar ao acordo de paz.