Angela Merkel: chenceler alemã deve pressionar Trump para obter garantias de apoio a uma União Europeia forte (Fabrizio Bensch/Reuters)
Reuters
Publicado em 17 de março de 2017 às 09h18.
Washington - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, irá receber a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, nesta sexta-feira, para uma reunião na Casa Branca que pode ajudar a determinar o futuro da aliança transatlântica e modelar o relacionamento de trabalho entre dois dos líderes mais poderosos do mundo.
O novo presidente dos EUA e a chefe de Estado alemã de longa data, cujo país é a maior economia da Europa, irão debater o financiamento da Otan e as relações com a Rússia, em seu primeiro encontro desde que Trump tomou posse, em janeiro.
A reunião é relevante para os dois lados. Merkel, que autoridades dizem ter se preparado cuidadosamente para a conversa, deve pressionar Trump para obter garantias de apoio a uma União Europeia forte e um comprometimento com o combate à mudança climática.
Trump, que como candidato presidencial criticou Merkel por permitir a entrada de centenas de milhares de refugiados em solo alemão, irá pedir que ela apoie sua exigência de que as nações da Otan paguem mais para ter suas necessidades defensivas atendidas.
O desenvolvimento da relação será um item menos explícito, mas importante, da agenda. Merkel era próxima dos antecessores de Trump, Barack Obama e George W. Bush, e provavelmente irá buscar um relacionamento de trabalho sólido com Trump, apesar de ambos terem grandes discordâncias políticas e de haver uma grande desconfiança em relação ao ex-empresário de Nova York na Alemanha.
"Aqueles que conhecem a chanceler sabem que ela tem o dom de conquistar as pessoas em discussões pessoais. Tenho certeza de que Donald Trump não ficará imune", disse Juergen Hardt, parlamentar conservador que ajuda a coordenar as relações transatlânticas do governo alemão.
Trump irá pedir conselhos a Merkel para lidar com o presidente russo, Vladimir Putin, um líder com o qual Merkel vem tratando há tempos e que o norte-americano elogiou, consternando parlamentares democratas e republicanos dos EUA.
Uma autoridade dos EUA disse que a posição do governo Trump no tocante à participação do país no Acordo de Paris para a contenção da mudança climática pode surgir no encontro com Merkel e que deve ser mais bem esclarecido nas semanas e meses adiante. A alemã é uma firme defensora dos esforços internacionais para combater o aquecimento global.
Durante a campanha Trump classificou a mudança climática como uma farsa, mas em entrevista ao jornal New York Times em novembro disse que manteria a mente aberta a respeito do pacto climático de Paris.