Trump: as últimas decisões do presidente somam carga a um congresso já atarefado (Eduardo Munoz/Reuters)
Da Redação
Publicado em 16 de outubro de 2017 às 06h42.
Última atualização em 16 de outubro de 2017 às 09h58.
Se no começo do mandato havia dúvidas se o presidente Donald Trump iria cumprir com todas suas propostas mais polêmicas, ele está a cada dia deixando mais claro que, sim, pretende cumpri-las. Ao menos aquelas que demandam apenas desfazer laços e atos, e não construir.
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Em uma questão de 15 horas, entre a quinta-feira e a sexta-feira, Trump não só decretou um corte de subsídios do governo para os planos de saúde no programa de acesso à saúde Obamacare, como também disse que não deve ratificar o acordo nuclear com o Irã.
Nesta segunda-feira, o presidente se encontra com Mitch McConnell, o líder republicano no Senado, para discutir como essas pautas devem impactar o Congresso americano e dar o tom dos debates até o final do ano.
Embora do mesmo partido, a conversa de Trump com McConnell não deve ser das mais fáceis: os dois se estranharam no final de agosto, quando Trump criticou o senador publicamente em seu Twitter.
A crítica pública foi só o estopim de uma disputa que incluiu gritarias em telefonemas, seguidas de um silêncio entre os dois políticos. Ainda assim, há importantes temas sobre a mesa, como a reforma tributária proposta pelo presidente, que prevê redução para indivíduos e empresas, e também o orçamento do governo, que deve ser afetado pelos cortes nos impostos.
As atitudes recentes de Trump, como o corte a subsídios do Obamacare e a promessa de cancelar o acordo nuclear com o Irã, que precisa ser ratificado pela presidência a cada 90 dias, somam carga a um congresso já atarefado.
Para McConnell é mais trabalho, e dor de cabeça, para lidar com uma agenda elaborada de trabalho, um presidente com altas demandas e um partido que tem dificuldade de se unir para aprovar bandeiras históricas — como foi o caso da lei que repeliria o Obamacare, objetivo que nunca obteve consenso entre os atuais republicanos no Congresso.
Trump não parece se importar: o presidente está em uma cruzada para cumprir com suas promessas aos eleitores. Ele também aprovou a retirada de garantias de quase 700.000 imigrantes trazidos para o país quando crianças, deixando a legalização da questão a cargo dos congressistas, e efetivamente liberou o uso de fontes energéticas poluentes — o que o retira do Acordo de Paris, pelo aumento de emissões — e ameaça romper com o Nafta.
Mas mesmo controlando ambas as casas do parlamento, os republicanos mantêm as discussões sobre esses assuntos em ritmo lenta, ainda mais quando têm que responder sobre as constantes polêmicas de um presidente especialista em destruir.