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Trump diz que quer ser 'presidente de todos' e detalha tiro que levou em 1º discurso após atentado

Presidente fez discurso de encerramento da Convenção Republicana de 2024 para aceitar a nomeação como candidato à presidência

Eleições EUA: O republicano aceitou oficialmente a candidatura a presidente pelo partido durante o evento (ANGELA WEISS/AFP)

Eleições EUA: O republicano aceitou oficialmente a candidatura a presidente pelo partido durante o evento (ANGELA WEISS/AFP)

Publicado em 18 de julho de 2024 às 23h40.

Última atualização em 19 de julho de 2024 às 01h06.

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Milwaukee -  O ex-presidente Donald Trump começou seu discurso na Convenção Republicana nesta quinta-feira, 18, em Milwaukee, Wisconsin, prometendo união. Em seguida, detalhou como viu o atentado que sofreu no último sábado, 13.

“Venho com uma mensagem de esperança. Vamos ter uma vitória incrível daqui a quatro meses. Vamos lançar uma nova era de prosperidade para todos. Estou concorrendo para ser o presidente de todos os americanos. Não só de metade deles“, disse o ex-presidente em seu primeiro discurso após o atentado na Pensilvânia.

A bala ficou a um quarto de polegada de tirar minha vida. Era um dia bonito. A música estava alta. Eu subi no palco, comecei a falar, forte e rápido, porque estava discutindo imigração. Atrás de mim, havia um grande painel com um gráfico com números de imigração", disse o agora candidato à Casa Branca, logo após alertar a plateia de que essa seria a única vez que falaria sobre o atentado. "Para ver, eu virei para direita. Eu estava começando a me virar de volta quando ouvi e senti que algo me atingiu muito muito forte. Coloquei minha mão na orelha e havia sangue. Sangue em todo lugar”.

No evento, o senador de Ohio J. D. Vance foi nomeado como candidato a vice-presidente. Além de jovem — Vance tem 39 anos —, sua escolha é parte de uma estratégia para atrair mais eleitores de classe média de estados-chave para a disputa: Wisconsin, Michigan e Pensilvânia.

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Trump falou por mais de uma hora e meia, sem pausa. Ao final do discurso, houve uma chuva de balões, que caíram do teto do ginásio, para celebrar a nomeação do republicano.

Como foi o discurso de Trump na Convenção Republicana?

O ex-presidente entrou no palco às 21:30 (hora local), ao som de “God Bless the USA” ("Deus Abençoe a América"), com seu nome sendo projetado em letras douradas no telão. Ele fez o discurso com um curativo na orelha, no local onde foi baleado.

O discurso de Trump começou empolgando a plateia, mas depois de contar o ataque em detalhes, o ex-presidente passou a repetir seus discursos já conhecidos de campanha. Boa parte do público se sentou depois da primeira meia hora de discurso, com parte das pessoas se levantando em alguns momentos, quando ele fez ataques a carros elétricos e prometeu tirar impostos sobre gorjetas.

“Eu não deveria estar aqui. Só estou pela graça de Deus todo poderoso”, afirmou. Ao falar de Cory Comperatore, espectador que estava na plateia do comício e foi morto pelo atirador, foi exibido no palco um manequim com o uniforme dele, que era bombeiro. O ex-presidente pediu um momento de silêncio por “nosso amigo Cory”.

“Apesar deste ataque odioso, estamos mais unidos. Eu estou mais determinado do que nunca. Nada vai me parar. Nunca vou parar de lutar por vocês e pelo meu país magnífico”, prosseguiu Trump.

O republicano aceitou oficialmente a candidatura a presidente pelo partido durante o evento e tentará conquistar a Casa Branca pela terceira vez seguida. O empresário venceu em 2016, mas perdeu a reeleição em 2020.

Críticas ao governo Biden

Conforme o discurso avançou, Trump voltou a fazer ataques ao governo Biden, sem citá-lo nominalmente. Disse que o país tem uma liderança incompetentemente. Chamou os EUA de “país em declínio”, ameaçado pela inflação e pela imigração irregular, dois dos pontos mais citados pelos republicanos na campanha.

Trump prometeu baixar juros e a inflação e estimular a exploração de petróleo. “Perfure, baby, perfure”, disse. A plateia aplaudiu e repetiu o lema.

Imigração ilegal

O republicano prometeu novamente conter a imigração ilegal, que chamou de “invasão do país” e voltou a falar em ampliar o muro na fronteira.

"Quando eu for presidente, vou expandir o muro que já comecei a construir nas nossas fronteiras. Pessoas negras e hispânicas de fora da América estão roubando o trabalho das pessoas negras e hispânicas que moram aqui. É urgente", comentou o candidato à presidência. "Temos uma crise de imigração ilegal. Uma invasão massiva em nossa fronteira sul que espalhou miséria, crime, pobreza, doença e destruição em comunidades por todo o nosso território".

Entre entre 2017 e 2020, enquanto era presidente dos Estados Unidos, Trump iniciou a obra para a construção de um muro que separa os Estados Unidos do México. No entanto, ele fez apenas trechos separados do muro, que não foram conectados. Biden parou a construção da barreira após tomar posse, em 2021.

"Queremos que as pessoas venham ao nosso país. Mas elas precisam entrar de forma legal", acrescentou.

Segurança reforçada

Durante o discurso, agentes de segurança ficaram posicionados no palco. A convenção republicana de 2024 ficou marcada pelo atentado a Trump, ocorrido dois dias antes do começo do evento. O candidato foi atingido por um tiro na orelha enquanto fazia um comício em Butler, na Pensilvânia, no sábado, 13.

Trump reapareceu em público já na segunda-feira, 15, com um curativo na orelha. Em homenagem a ele, algumas dezenas de apoiadores passaram a usar curativos similares.

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Apoiadores e o 'sonho americano'

Antes de Trump, houve discursos do apresentador Tucker Carlson, que fez carreira na Fox News, e de Dana White, CEO do UFC. Carlson disse que Trump é "o líder de uma nação" e que ele saiu ainda mais fortalecido após o atentado.

White declarou sua admiração e amizade pelo ex-presidente ao longo dos últimos 25 anos. "Ninguém vai me dizer o que fazer e eu não sou a marionete de ninguém", disse um pouco antes de Trump subir ao palco. "Eu conheço Trump como um lutador, esse homem é o mais resiliente que já conheci na minha vida. Ele está lutando para manter o sonho americano, que é o que mais importa nessa eleição".

Forte apoio a Trump

Durante os quatro dias de convenção, dezenas de integrantes do partido declararam, no palco, na plateia e nos corredores e áreas abertas da convenção, sua devoção a Trump, em um sinal claro de como ele mantém o controle sobre o partido.

Ao mesmo tempo, líderes mais antigos do partido, como o ex-presidente George W. Bush, não estiveram presentes no evento, assim como outros nomes que tiveram embates com Trump, como Mike Pence, que foi seu vice-presidente por quatro anos.

Na convenção, os republicanos mostraram que querem focar a campanha em dois temas principais: economia e segurança. Eles acusam Biden de deixar os preços dispararem, especialmente da gasolina, e de não ter mão firme para conter a violência e a imigração irregular.

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O partido de Trump também quis passar a mensagem de que uma eventual saída do presidente Joe Biden da disputa, tema que domina a política americana há semanas, não seria um problema. Alguns dos discursos, como o de Nikki Haley, que disputou as primárias, já trouxeram ataques à Kamala Harris, vice de Biden e cotada para assumir a candidatura.

O próximo grande compromisso público de Trump deverá ser um comício em Grand Rapids, Michigan, na tarde de sábado, 20.

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