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Trump defende tarifas e diz que países como o Brasil roubam os EUA com taxas

O presidente defendeu as tarifas comerciais e destacou o trabalho do bilionário Elon Musk na redução da máquina pública

Carolina Ingizza
Carolina Ingizza

Redatora na Exame

Publicado em 5 de março de 2025 às 06h38.

Última atualização em 5 de março de 2025 às 09h26.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na última terça-feira, 4, que seu governo está "apenas começando", ao discursar no Congresso americano.

“A América está de volta”, declarou Trump no início de seu discurso, o primeiro de seu segundo mandato e o mais longo da história dos EUA, com uma duração de 1h40.

Ao longo de sua fala, Trump exaltou suas primeiras semanas no cargo, defendeu as tarifas comerciais e destacou o trabalho do bilionário Elon Musk na redução da máquina pública.

Enquanto republicanos ovacionavam o presidente com gritos de "EUA", democratas protestaram com cartazes de "mentiras" e "falso".

O presidente celebrou as "ações rápidas e implacáveis" de seu governo e mencionou os quase 100 decretos assinados e mais de 400 ações executivas adotadas desde sua posse.

Trump também abordou sua polêmica estratégia tarifaria, que impôs tarifas de 25% sobre produtos do México e do Canadá e duplicou a tarifa sobre produtos chineses para 20%.

O presidente justificou as medidas afirmando que elas vão fortalecer a economia e gerar empregos. "Tarifas servem para tornar a América rica novamente", disse Trump, acrescentando que pode haver "um pequeno período de ajuste".

Tarifas recíprocas contra Brasil e outros países

Em um trecho do seu discurso, o presidente americano voltou a falar das tarifas comerciais, no que chamou de 'tarifas recíprocas' e incluiu o Brasil, dizendo que o país está entre aqueles que sempre “usaram tarifas contra os EUA”.

Ao também citar a União Europeia, Índia e Coreia do Sul, Trump detalhou que essas tarifas recíprocas entrarão em vigor a partir de 2 de abril e argumentou que esses e outros países taxam produtos americanos em mais de 100% ou duas, ou até quatro vezes a média das tarifas nos EUA.

"Esse sistema não é justo para os EUA, e nunca foi", disse. "Se nos taxarem, vamos taxá-los, é simples".

Enquanto defendia as tarifas, o chefe do Executivo demonstrou ver esse tipo de cobrança como uma forma de atrair trilhões em investimento e empregos, apontando mais uma vez para sua política de "America First".

"Se não produz nos EUA, sob o governo Trump, você vai pagar uma tarifa. E, em alguns casos, bem alta. Outros países têm usado tarifas contras nós por décadas, e agora é nossa vez de começar a usá-las contra outros países".

Elogio público a Musk

Além dos congressistas americanos, Elon Musk também foi ao Congresso assistir o discurso do presidente. O dono da Tesla está à frente do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês), criado logo no início desse mandato do republicano para "enxugar" gastos do governo federal.

Ele foi elogiado pelo presidente durante um trecho do discurso. “Todos aqui, até mesmo deste lado, apreciam (o trabalho do DOGE), acredito eu”, disse Trump, ao fazer uma referência aos local onde estavam os congressistas democratas.

Política externa

O presidente também reforçou sua retórica de "América primeiro" na política externa. Em relação à guerra na Ucrânia, Trump leu uma carta do presidente Volodymyr Zelenskyy, na qual o líder ucraniano indicava estar disposto a negociar com a Rússia.

Segundo Trump, Moscou também enviou "fortes sinais" de que deseja paz. "Não seria lindo?", disse o presidente.

Trump também afirmou que seu governo está "recuperando o Canal do Panamá" e reiterou sua ameaça de assumir o controle da Groenlândia. "De um jeito ou de outro, nós vamos conseguir isso", afirmou o presidente.

Embate com democratas

Em tom provocativo, Trump chamou seu antecessor, Joe Biden, de "o pior presidente da história dos EUA" e o responsabilizou pela alta dos preços dos alimentos.

O presidente também se gabou da dimensão de sua vitória eleitoral, apesar de seu 1,5 ponto percentual de vantagem no voto popular ser a menor margem de vitória desde 1968.

Durante o discurso, parlamentares democratas vaiaram e o deputado Al Green chegou a gritar "você não tem um mandato", sendo posteriormente removido do plenário pelo presidente da Câmara, Mike Johnson.

A oposição também criticou as medidas controversas de Trump, como o bloqueio a pessoas trans no esporte feminino e a mudança do nome do Golfo do México.

A líder democrata na Câmara, Hakeem Jeffries, pediu que seus colegas comparecessem ao discurso para demonstrar "resistência democrata". No entanto, vários parlamentares, incluindo Alexandria Ocasio-Cortez, boicotaram a sessão e comentaram o discurso nas redes sociais.

Ao final, a senadora democrata Elissa Slotkin, de Michigan, em resposta ao discurso, criticou Trump por "usar sua presidência para dividir o país" e reforçou que "os EUA já enfrentaram momentos de instabilidade política e sempre optaram por avançar".

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