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Trump diz que China tem até 13h para recuar de tarifas; país promete 'lutar até o fim'

Presidente norte-americano ameaça aumentar tarifas em 50% caso Pequim mantenha taxas de 34% sobre produtos dos EUA

Guerra comercial: China pode se beneficiar em meio ao isolamento comercial dos EUA (Getty Images)

Guerra comercial: China pode se beneficiar em meio ao isolamento comercial dos EUA (Getty Images)

Publicado em 8 de abril de 2025 às 09h13.

Última atualização em 8 de abril de 2025 às 09h41.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que a China tem até as 12h desta terça-feira, 8 (13h em Brasília) – para retirar as tarifas de 34% impostas sobre produtos norte-americanos. No entanto, Pequim sinalizou que não pretende recuar, o que deve acelerar a guerra comercial entre os dois países.

As tarifas de retaliação foram anunciadas por Pequim na sexta, 4, em resposta ao "tarifaço" implementado por Trump na quarta-feira, 2.

Caso a China não volte atrás, Trump ameaçou aplicar tarifas adicionais de 50% sobre produtos chineses, elevando as taxas para um total de 104%.

Até o momento ainda não foi assinada uma ordem executiva para impor a tarifa, Trump publicou a ameaça em sua rede social, a TruthSocial. "Se a China não retirar seu aumento de 34% até amanhã, 8 de abril de 2025, os Estados Unidos imporão tarifas adicionais de 50%, com efeito em 9 de abril", publicou.

Em entrevista coletiva, ainda na segunda, o presidente repetiu a ameaça e disse que a China teria até meio-dia de terça para recuar.

Apesar da pressão, Pequim disse que não voltará atrás.

Nesta terça-feira, o porta-voz do Ministério do Comércio advertiu que "a ameaça de aumentar as tarifas contra a China é um erro após o outro e expõe, mais uma vez, a natureza chantagista dos Estados Unidos".

"Os Estados Unidos insistem em seguir seu próprio caminho, a China lutará até o fim", acrescentou. Ele disse que que o país asiático adotará "contramedidas" para defender seus direitos e interesses, embora, ao mesmo tempo, tenha solicitado o diálogo.

Situação dos mercados

As Bolsas registraram uma leve recuperação nesta terça-feira, após uma segunda-feira de quedas generalizadas nos mercados da Ásia, Europa e Estados Unidos.

Na Ásia, Tóquio fechou em alta de mais 6%, após a queda de 8% na véspera. Na Europa, os principais índices operavam em alta: às 8h de Brasília), Paris avançava 1,4%, Londres 1,74%, Frankfurt 1,37% e Madri 0,80%.

Analistas temem que a guerra comercial provoque mais inflação, mais desemprego e menos crescimento. Trump alega que a economia dos Estados Unidos foi "saqueada" durante anos pelo resto do mundo.

Na semana passada, ele anunciou uma tarifa geral de 10% sobre todos os produtos importados, à qual são adicionadas tarifas específicas por países, incluindo os países da União Europeia (20%) e o Vietnã (46%), que devem entrar em vigor na quarta-feira (9). A ordem executiva para isso já foi assinada.

Os 27 países da UE tentam buscar uma resposta comum e na segunda-feira propuseram uma isenção total e recíproca de direitos alfandegários para os produtos industriais, incluindo automóveis.

"Não, não é suficiente", respondeu Trump, que critica a Europa por não comprar produtos industriais americanos em quantidade suficiente.

O secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, afirmou em uma entrevista ao canal Fox News que as tarifas de importação anunciadas em 2 de abril servirão para colocar os Estados Unidos em uma posição de força.

Segundo Bessent, uma vez que recebam garantias de outros países sobre como abrirão ainda mais seus mercados aos produtos americanos, "o presidente Trump estará pronto para negociar". Ele disse que "quase 70 países" já entraram em contato com Washington.

China pode ganhar espaço no comércio asiático com isolamento dos EUA

A ofensiva protecionista dos Estados Unidos pode abrir espaço para a China ampliar seu protagonismo econômico e político na Ásia. Analistas avaliam que, caso o país asiático aproveite o vácuo deixado por Washington, haverá margem para avanços em comércio exterior e integração regional.

A visão é trazida pela The Economist, revista britânica de economia e política internacional. A capa da edição da última exibe uma paródia do boné vermelho com o slogan de Donald Trump, com os dizeres “Make China great again”, ou “faça a China grande de novo”, em português.

“O MAGA está pressionando os líderes da China para corrigir seus piores erros econômicos. Também está criando oportunidades para redesenhar o mapa geopolítico da Ásia em favor da China”, diz a publicação.

O texto lembra que as exportações ainda representam cerca de 20% do PIB da China, como em 2017, o que prejudicará a economia do país. A situação pode ser agravada pela tática de Pequim de redirecionar as cadeias de fabricação de empresas para países como o Vietnã, fortemente taxado por Trump.

A revista britânica

A revista britânica "The Economist" traz uma perspectiva positiva para a China. A capa da publicação da última semana traz o boné MAGA, marca da política de Trump, com a inscrição "Make China great again" (Reprodução/ The Economist)

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