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Trump determina reforma do corpo diplomático e exige respeito sem divergência à sua agenda política

Decreto, intitulado 'uma voz para as relações exteriores dos EUA' foi assinado na quarta-feira, e indica o interesse do republicano de disciplinar o corpo profissional

Agência o Globo
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Publicado em 13 de fevereiro de 2025 às 12h55.

Última atualização em 13 de fevereiro de 2025 às 12h59.

Em mais uma medida adotada por decreto, o presidente dos EUA, Donald Trump, determinou que seu secretário de Estado, Marco Rubio, lidere uma "reforma" no corpo diplomático do país, a fim de impedir qualquer divergência sobre sua agenda política, enquanto prossegue com sua profunda revisão da administração federal. O decreto, intitulado "uma voz para as relações exteriores dos EUA", foi assinado na quarta-feira, e indica o interesse do republicano de disciplinar o corpo profissional responsável pelas relações exteriores americanas.

O texto orienta Rubio a "implementar reformas nos padrões de recrutamento, desempenho, avaliação e retenção" de profissionais do serviço diplomático, e orienta as autoridades a "revisar ou substituir o Manual de Relações Exteriores", juntamente com "quaisquer manuais, procedimentos ou orientações" que regem a diplomacia. O decreto também é explícito ao determinar que "a falha em implementar fielmente a política do presidente é motivo de falta disciplinar, inclusive de afastamento" do cargo.

A medida foi apontada por analistas americanos como a mais recente de várias ações de Trump para afirmar maior controle sobre os funcionários federais, que o presidente vê em grande parte com uma mistura de suspeita e hostilidade. Trump e seus aliados acreditam que burocratas de esquerda, parte do que chamam de "Estado profundo", trabalham para frustrar sua agenda, e que ele deveria ter mais poder do que os presidentes anteriores e indicar pessoas leais em todas as partes do governo.

No caso do decreto específico, o texto parece desafiar princípios básicos e de longa data do serviço diplomático: que diplomatas de carreira devem ser contratados com base em suas qualificações e experiência, não em suas visões políticas, e que a dissidência deve ser bem-vinda e não punida. E embora diplomatas profissionais desfrutem de proteções especiais contra partidarismos e retaliação política, como outros setores do serviço público federal também possuem, Trump parece ter a intenção de enfraquecer essas proteções.

Em um determinado trecho do texto, por exemplo, o decreto afirma que todos os braços de política externa devem elaborar "um meio eficaz e eficiente" de garantir que as ordens do presidente sejam seguidas.

Em uma declaração inicial, a Associação do Serviço Estrangeiro Americano, que representa os diplomatas profissionais, disse que ainda estava avaliando o impacto da ordem. Mas o grupo observou que seus integrantes espalhados ao redor do mundo executam as iniciativas de política externa do presidente, independentemente do partido.

“Esperamos que qualquer administração valorize a expertise e o conhecimento do Serviço Exterior, incluindo sua capacidade de fornecer aconselhamento sobre questões de política externa", disse a declaração, acrescentando que o grupo "sempre defenderia a integridade e a natureza apolítica do Serviço Exterior para que nossos membros possam continuar a servir o povo americano".

Estima-se que a medida afete quase 80 mil funcionários do Departamento de Estado no mundo, incluindo diplomatas de carreira e milhares de civis. Separadamente, autoridades do Departamento de Estado também lidam com mais cortes propostos para o pessoal. Alguns embaixadores foram instruídos nesta semana a apresentar listas de cortes de 10% a 20% dos funcionários que são cidadãos locais, disse uma pessoa informada sobre as demandas, que falou sob condição de anonimato para evitar retaliação.

Em apenas um mês de mandato, Trump ordenou o congelamento da ajuda externa dos Estados Unidos, com algumas exceções, e pretende desmantelar a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid).

Trump, em colaboração com seu principal doador de campanha e aliado, Elon Musk, iniciou uma reforma do governo federal, rastreando gastos públicos que considera desperdício ou que não estão alinhados com suas políticas, como os programas que promovem a diversidade e a igualdade. O bilionário é acusado por críticos de agir em conflito de interesses com suas funções em empresas como Space X e Tesla.

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