Trump multiplicou os comícios de apoio e provavelmente atribuirá a seus esforços caso Biden seja privado de uma maioria no Congresso (AFP/AFP)
AFP
Publicado em 4 de novembro de 2022 às 19h38.
Última atualização em 4 de novembro de 2022 às 19h52.
Donald Trump aposta na vitória de seu Partido Republicano nas eleições de meio de mandato da próxima semana, de olho nas presidenciais de 2024, enquanto os democratas de Joe Biden tentavam nesta sexta-feira, 4, salvar assentos ameaçados, inclusive em redutos como Nova York.
"Muito, muito, muito provavelmente o farei de novo", disse o ex-presidente Trump sobre outra candidatura presidencial. "Preparem-se, é tudo o que digo. Em breve", afirmou na noite de quinta-feira a uma multidão de apoiadores no estado de Iowa.
"Vamos recuperar o Congresso, vamos recuperar o Senado", afirmou. "E em 2024, recuperaremos nossa magnífica Casa Branca".
O magnata, que nunca reconheceu sua derrota em 2020 frente a Biden, continua sendo muito influente no Partido Republicano.
Ele apoiou um grande número de candidatos para as eleições de 8 de novembro, que renovam parte do Congresso, vários governadores e outros cargos municipais e que costumam punir o partido no poder.
Trump multiplicou os comícios de apoio e provavelmente atribuirá a seus esforços caso Biden seja privado de uma maioria no Congresso.
As pesquisas indicam uma ampla vitória dos conservadores na Câmara dos Representantes, que se renova por completo, e uma estreita maioria republicana no Senado, onde está em jogo um terço dos assentos.
Se estes números se confirmarem, é provável que Trump aproveite para formalizar sua candidatura o mais cedo possível e assim tomar a frente de possíveis adversários partidários, como o governador da Flórida, Ron DeSantis.
"Acho que vocês podem esperar que eu anuncie em breve", afirmou nesta quinta Kellyanne Conway, sua ex-colaboradora na Casa Branca.
"Acredito que deveriam, talvez, manter os telefones ligados e lamento se fizeram planos para depois das eleições", brincou, dirigindo-se a alguns jornalistas.
Nesta sexta-feira, citando fontes anônimas, o site de notícias Axios apostou na data de 14 de novembro para o anúncio, que também poderia afetar as pendências judiciais de Trump.
O bilionário do setor imobiliário é investigado por seu suposto papel na invasão ao Capitólio, a gestão de documentos da Casa Branca e, em Nova York, por assuntos financeiros.
Exatamente em Nova York, um reduto democrata por mais de 20 anos, os ventos podem soprar em outra direção a partir de 8 novembro.
Para socorrer a governadora Kathy Hochul, o partido enviou a ex-secretária de Estado Hillary Clinton e a vice-presidente, Kamala Harris.
Outros redutos democratas, como Oregon e Colorado, também parecem enfraquecidos por um descontentamento vinculado à inflação disparada, que os republicanos atribuem a Joe Biden.
Para contestar esta mensagem, o presidente empreendeu uma jornada pelo país, insistindo em seus esforços para proteger as classes trabalhadoras e os empregos.
Depois de uma parada no Novo México, dedicada ao perdão parcial da dívida estudantil, a agenda de Joe Biden incluía uma visita à Califórnia nesta sexta para promover seu plano de apoio à produção de semicondutores nos Estados Unidos, antes de seguir para Chicago.
Na manhã desta sexta, elogiou os últimos números do mercado de trabalho: uma taxa de desemprego de 3,7% e 261 mil novos postos de trabalho em outubro. "Enquanto os líderes republicanos parecem dispostos a aplaudir uma recessão, a economia americana continua crescente e criando empregos", disse em nota.
Reconheceu que a inflação continua sendo seu "principal desafio" e prometeu combatê-la.
Joe Biden, a quem os republicanos também acusam de uma crise migratória na fronteira com o México e de um aumento da criminalidade no país, tenta mobilizar eleitores independentes em defesa do direito ao aborto e da democracia.
Há muito em jogo nestas eleições: se perder o controle do Congresso, seu mandato ficará politicamente paralisado, o que complicaria seus planos.
O presidente já disse que tem a intenção de concorrer à reeleição, mas esta perspectiva não agrada necessariamente a todos os democratas, devido à sua idade, que logo chegará a 80 anos, e a sua impopularidade. Uma derrota na próxima semana jogaria mais lenha nesta fogueira.