Donald Trump: "basta ler os jornais para ver a que me refiro", disse, sobre suas afirmações de que os imigrantes mexicanos eram "estupradores e traficantes" (Brendan McDermid/Reuters)
Da Redação
Publicado em 29 de junho de 2015 às 19h39.
Chicago - Donald Trump chamou a emissora "NBC" de "fraca e tola" por romper o contrato com ele após as polêmicas declarações sobre os imigrantes mexicanos, que o magnata reafirmou durante uma conferência em Chicago, onde foi recebido com um ruidoso protesto.
O pré-candidato republicano à Casa Branca, que foi convidado de honra de um almoço para 350 convidados organizado pelo City Club, afirmou em entrevista coletiva que seus polêmicos comentários sobre os mexicanos e os imigrantes são "100% corretos" e não pensava em se desculpar.
"Basta ler os jornais para ver a que me refiro", disse, sobre suas afirmações de que os imigrantes mexicanos eram "estupradores e traficantes de drogas".
"Tenho muitos amigos no México e grandes relações com o México, mas não acho que deva me desculpar", assinalou.
Estas críticas levaram a "NBC" a decidir hoje romper suas relações contratuais com o magnata, decisão, que, na opinião de Trump, mostram que a emissora é "fraca e tola".
A "NBC é fraca e, como todo mundo, está tentando ser politicamente correta; é por isso que nosso país está em sérios problemas", afirmou o aspirante republicano à presidência.
Trump ameaçou processar a "NBC" pela decisão de não exibir os concursos de Miss América e Miss Universo, e de cancelar sua participação no reality show "The Apprentice" (O Aprendiz), apresentado por Trump, devido a suas "afirmações depreciativas sobre os imigrantes".
Uma centena de manifestantes se reuniu em frente ao restaurante onde aconteceu o almoço com cartazes em inglês que diziam "Não ao ódio no debate", "O discurso do ódio não é presidencial" e "Trump, está demitido", frase popularizada pelo magnata em "The Apprentice".
Antes da divulgação da decisão da "NBC", os manifestantes também pediram que a emissora que cancelasse as transmissões, em apoio ao abaixo-assinado iniciado por um hispânico e que colheu mais de 200 mil assinaturas na internet.
A emissora latina "Univisión" foi a primeira a romper relações comerciais com a Trump Organization, na sexta-feira, também sobre a transmissão no dia12 de julho do Miss EUA 2015.
Trump reagiu afirmando que irá processar a "Univisión" por quebra de contrato e antes de começar hoje seu discurso exigiu que tirassem os microfones da emissora do púlpito.
A visita do pré-candidato a Chicago foi considerada um "insulto" pela comunidade imigrante, que enviou uma carta ao City Club para que cancelasse o convite a Trump para falar para os membros desta instituição, fundada em 1903.
O ativista Carlos Arango declarou à Agência Efe que os integrantes do clube, entre os quais está o prefeito de Chicago, o democrata Rahm Emanuel; o congressista Luis Gutiérrez e o senador Richard Durbin, "cobrem" um candidato à corrida pela Casa Branca que "venha a dar uma mensagem de ódio".
Para ele, Trump "declarou guerra ao México" quando disse que os imigrantes mexicanos "estão trazendo drogas, o crime, os estupradores" aos Estados Unidos.
Além de cartazes, os manifestantes desdobraram uma pinhata com o rosto de Trump, que simbolizava "os golpes que deveria receber um pré-candidato que procura incitar o ódio e a violência" contra os latinos, disse o imigrante Guillermo Gómez à Efe.
"Aqui não o queremos, e vamos dar duro para que não continue falando mal dos imigrantes e pare com o racismo", afirmou.