Donald Trump: presidente advertiu que mísseis "estão a caminho" e criticando Moscou por apoiar o presidente sírio (Jim Lo Scalzo/Reuters)
Reuters
Publicado em 11 de abril de 2018 às 08h31.
Última atualização em 11 de abril de 2018 às 15h34.
Washington - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alertou a Rússia nesta quarta-feira para uma ação militar iminente na Síria em reação a um possível ataque com gás venenoso, declarando que mísseis "estão a caminho" e criticando duramente Moscou por estar ao lado do presidente sírio, Bashar al-Assad.
Trump reagia ao fato de a Rússia ter alertado na terça-feira que qualquer míssil dos EUA disparado contra a Síria devido ao ataque fatal contra um enclave rebelde será abatido e que o local de disparo será alvejado.
Seus comentários provocaram o temor de se ver os primeiros conflitos diretos entre as duas potências mundiais por causa da Síria, onde estas apoiam lados opostos na prolongada guerra civil, que agravou a instabilidade em todo o Oriente Médio.
"A Rússia promete derrubar todo e qualquer míssil disparado contra a Síria. Prepare-se, Rússia, porque estão a caminho, lindos e novos e 'inteligentes'!", escreveu Trump em uma postagem no Twitter.
Russia vows to shoot down any and all missiles fired at Syria. Get ready Russia, because they will be coming, nice and new and “smart!” You shouldn’t be partners with a Gas Killing Animal who kills his people and enjoys it!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) April 11, 2018
"Vocês não deveriam ser parceiros de um animal que mata com gás, que mata pessoas e se diverte com isso!", tuitou Trump em referência à aliança russa com Assad.
Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores russo disse em uma postagem no Facebook que "mísseis inteligentes deveriam voar na direção de terroristas, não na direção do governo legítimo".
A porta-voz da chancelaria russa, Maria Zakharova, disse que qualquer saraivada de mísseis norte-americanos poderia ser uma tentativa de destruir provas do suposto ataque com gás venenoso na cidade síria de Douma, pelo qual Damasco e Moscou negaram qualquer responsabilidade.
Depois do tuíte de Trump, o Observatório Sírio para Direitos Humanos, um grupo de monitoramento da guerra radicado no Reino Unido com uma rede de fontes na Síria, relatou que forças pró-governo estavam esvaziando grandes aeroportos e bases aéreas militares.
A chancelaria síria acusou os EUA, que vêm apoiando grupos rebeldes no conflito sírio, de usarem "fabricações e mentiras" como desculpa para atingir seu território.
"Não estamos surpresos com uma escalada tão impensada de um regime como o regime dos Estados Unidos, que patrocinou o terrorismo na Síria e ainda o faz", disse uma fonte oficial da pasta, segundo a agência estatal de notícias Sana.
Após o ataque em Douma o Jaish al-Islam, um grupo insurgente entrincheirado no local, finalmente concordou em bater em retirada, uma grande vitória para Assad que pôs fim a uma longa rebelião na região de Ghouta Oriental, próxima da capital Damasco.
No último final de semana, organizações humanitárias que atuam em território sírio relataram um ataque com gás na cidade controlada por rebeldes, Douma, e teria matado ao menos 60 pessoas e feriu mais de mil.