Tensão entre os Estados Unidos e Irã se agravou na madrugada desta quinta-feira, com o abatimento do drone americano pela força aérea iraniana na região do estreito de Ormuz (Ludovic Marin/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 21 de junho de 2019 às 09h34.
Última atualização em 21 de junho de 2019 às 19h49.
São Paulo – O mundo observa com atenção aos desdobramentos do mais recente capítulo na tensão entre os Estados Unidos e o Irã. Na manhã desta sexta-feira, 21, veio à tona a notícia de que o presidente dos EUA, Donald Trump, havia autorizado um ataque contra o país, que seria realizado nessa madrugada, mas recuou minutos antes do início da ação.
Numa série de tuítes, o republicano revelou a razão por trás desse recuo: as mortes que poderiam acontecer em decorrência da missão. Trump disse ter perguntado a um general das Forças Armadas quantas fatalidades o ataque poderia deixar e que seriam 150, segundo o oficial. “Dez minutos antes do ataque, eu ordenei que fosse interrompido, não é uma ação proporcional ao abate de um drone não tripulado”, escreveu o presidente dos EUA, “não tenho pressa”.
....proportionate to shooting down an unmanned drone. I am in no hurry, our Military is rebuilt, new, and ready to go, by far the best in the world. Sanctions are biting & more added last night. Iran can NEVER have Nuclear Weapons, not against the USA, and not against the WORLD!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) June 21, 2019
O Exército dos Estados Unidos chegou a preparar um ataque ao Irã na noite da quinta-feira, 20, em retaliação à derrubada de um drone de vigilância americano pelo país persa, mas o presidente Donald Trump voltou atrás abruptamente e desautorizou a operação.
A informação foi revelada pelo jornal The New York Times. Segundo o veículo, após um dia de intensas discussões estratégicas com conselheiros de segurança e líderes do Congresso, a expectativa entre autoridades militares e diplomáticas era de que o ataque fosse de fato ocorrer.
A ação militar estava em seus estágios iniciais quando foi cancelada por ordem de Trump. De acordo com relatos de autoridades americanas ouvidas pelo jornal, aviões militares e navios já estavam posicionados para atacar uma série de alvos, como radares iranianos, mas nenhum míssil chegou a ser disparado.
Oficiais americanos comentaram sobre o plano de retaliação à imprensa sob condição de anonimato. A Casa Branca declinou pedidos de esclarecimento sobre o caso. Apesar do recuo, autoridades americanas dizem que uma futura ação militar contra o Irã não está totalmente descartada.
A tensão entre Estados Unidos e Irã aumentou consideravelmente nos últimos dias, após semanas de animosidade crescente entre os países.
A situação se agravou na madrugada desta quinta-feira, com o abatimento do drone americano pela força aérea iraniana na região do estreito de Ormuz.
Ao comentar sobre o caso, Donald Trump escreveu no Twitter que o Irã havia cometido "um grande erro" e disse a repórteres que o país persa iria "descobrir em breve" se os EUA planejavam uma ação militar em retaliação à derrubada do drone.
Com a escalada das tensões, a Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) proibiu nesta sexta-feira, 21, aeronaves comerciais americanas de sobrevoar partes do Golfo Pérsico e do Golfo de Omã.
Há "intensas atividades militares e crescentes tensões políticas na região, que apresentam risco inadvertido para as operações da aviação civil americana por potenciais erros de cálculo ou de identificação das aeronaves", declarou a FAA.