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Trump anuncia pausa em tarifas por 90 dias, mas eleva para 125% taxas contra a China

Medida vem após Pequim retaliar cobranças americanas, de 104% sobre a China, que entraram em vigor nesta quarta

Donald Trump, presidente dos EUA (Saul Loeb/AFP)

Donald Trump, presidente dos EUA (Saul Loeb/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 9 de abril de 2025 às 14h27.

Última atualização em 10 de abril de 2025 às 06h20.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que aumentará as tarifas de importação sobre a China para 125%, e que pausará por 90 dias as tarifas recíprocas extras para os outros países. A medida ainda precisa ser detalhada e confirmada por ordem executiva.

Assim, as tarifas recíprocas serão mantidas em 10% para todos os países, e apenas a China terá a cobrança adicional, de 125%, segundo a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse a repórteres.

"Com base na falta de respeito que a China demonstrou para com os mercados mundiais, estou aumentando a tarifa cobrada da China pelos Estados Unidos da América para 125%, com efeito imediato", disse Trump, na rede Truth Social, no começo da tarde desta quarta-feira, 9.

"Em algum momento, espero que, no futuro próximo, a China perceba que os dias de explorar os EUA e outros países não são mais aceitáveis", disse.

"Por outro lado, e com base no fato de que mais de 75 países convocaram representantes dos Estados Unidos para negociar uma solução para os temas relacionados ao comércio, barreiras comerciais, tarifas, manipulação de moedas e tarifas não monetárias, e que esses países não retaliaram, de nenhuma forma, os Estados Unidos, autorizei uma PAUSA de 90 dias e uma tarifa recíproca substancialmente reduzida durante esse período, de 10%, também com efeito imediato", disse Trump.

Entenda a guerra comercial de Trump

A decisão de Trump veio horas depois de a China anunciar retaliações às tarifas impostas pelos EUA. Pequim decidiu taxar importações americanas em 84%, após sofrer tarifas americanas de 84%, que entraram em vigor na madrugada desta quarta-feira, 9. Como Trump já havia taxado a China em 20% antes, o país passou a ter taxa de 104%, que agora será ampliada para 125%.

Na semana passada, Trump anunciou que taxaria quase todos os países do mundo, com tarifas de importação a partir de 10%. Essa cobrança de 10% entrou em vigor no sábado, 5, e o Brasil ficou nessa categoria mais baixa.

Nesta quarta, 9, entraram em vigor as tarifas adicionais, que foram suspensas por Trump na tarde desta quarta. Assim, a União Europeia passou a ser cobrada em 10% no sábado e teria mais 10% agora, somando 20%, por exemplo. Veja a lista completa abaixo.

As novas taxas deixaram de fora aço, alumínio, carros e autopeças, já taxados em 25%, e outros itens, incluindo semicondutores e remédios. A ordem de Trump determina ainda que México e Canadá não serão afetados. Serão mantidos os percentuais anunciados em janeiro e depois revistos. As isenções dadas com base no tratado USMCA também serão mantidas.

Aumento histórico

As novas tarifas marcam o maior aumento desde a década de 1930 e mudarão a dinâmica do comércio global, aponta uma análise da consultoria Moody's.

"As ferramentas protecionistas aumentam a complexidade e o custo do comércio global e enfraquecem as perspectivas de crescimento, especialmente para economias dependentes do comércio, bem como para muitos setores. A incerteza já está pesando sobre a confiança empresarial e atrasando o investimento", afirma a Moody's.

A agência aponta ainda que as tarifas aumentam o risco de recessão nos EUA e reduzem a perspectiva de crescimento dos países do G20.

Trump defende o contrário: ele considera que as tarifas são uma ótima forma de aumentar a riqueza dos EUA, pois elas vão ajudar a reduzir o déficit comercial do país e fazer outros países se comprometerem a comprar mais itens americanos. Ele diz ainda que a medida aumentará a arrecadação de impostos e gerará mais empregos no país.

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