Trump: a decisão coloca o país ao lado de Síria e Nicarágua como as únicas nações do mundo a não participarem do acordo (Kevin Lamarque/Reuters)
Reuters
Publicado em 1 de junho de 2017 às 17h22.
Última atualização em 1 de junho de 2017 às 19h12.
Washington - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que o país irá se retirar do acordo climático de Paris, seguindo o compromisso que fez durante sua campanha presidencial. A decisão foi anunciada pelo republicano durante coletiva nos jardins da Casa Branca nesta quinta-feira, 01.
"Estamos saindo", disse Trump em uma cerimônia na Casa Branca, quando criticou os encargos financeiros do acordo de Paris.
"Para cumprir o meu dever solene de proteger a América e seus cidadãos, os Estados Unidos se retirarão do acordo climático de Paris", declarou Trump.
Mas ele acrescentou que iniciariam negociações para voltar a entrar no acordo de Paris ou em "um novo tratado em condições justas para os Estados Unidos, seus negócios, seus trabalhadores, seu povo e seus contribuintes".
A decisão dos Estados Unidos aprofunda um atrito com aliados dos EUA e coloca o país ao lado de Síria e Nicarágua como as únicas nações do mundo a não participarem do acordo histórico de 195 países firmado em Paris em 2015.
A Comissão Europeia lamentou profundamente a saída dos EUA do acordo de Paris, dizendo que buscará novas alianças para combater a mudança climática. "A UE fortalecerá suas parcerias existentes e buscará novas alianças das maiores economias do mundo para os Estados insulares mais vulneráveis", afirmou.
De acordo com cientistas, a saída dos EUA pode acelerar os efeitos da mudança climática global, provocando ondas de calor, enchentes, secas e tempestades violentas mais frequentes.
Durante a campanha presidencial de 2016 Trump repudiou o acordo, dizendo que custaria trilhões de dólares aos EUA sem nenhum benefício tangível.
O ex-presidente americano, Barack Obama, se manifestou sobre o recuo de Trump ainda durante seu discurso. De acordo com ele, "a administração Trump rejeita o futuro ao deixar o pacto". Anne Hidalgo, prefeita de Paris (França), classificou o ato como "um erro de consequências dramáticas".
O novo presidente da França, Emmanuel Macron, conversou com o presidente americano por telefone, dizendo que "nada poderia ser renegociado no acordo". Segundo fontes presidenciais, Macron garantiu que os dois países continuarão trabalhando juntos, mas não mais sobre o tema climático.
A ministra do Meio Ambiente do Canadá, Catherine McKenna, diz estar "profundamente desapontada" com a decisão: "O acordo de Paris é um bom negócio para o Canadá e para o mundo. Não é um país que pode parar a ação contra a mudança climática."
Para especialistas sobre o tema, a decisão é tão ruim para os cidadãos americanos quanto é para o resto do mundo.
O anúncio de Trump não foi surpresa para André Ferretti, gerente de Estratégias de Conservação da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário e coordenador-geral do Observatório do Clima. Ele afirma que o presidente americano promoveu um ataque "sistemático à ciência do clima e aos compromissos americanos no Acordo de Paris desde que tomou posse"
Para Ferretti, isso afetará a competitividade da indústria americana. "Trump prometeu que colocaria a América em primeiro lugar, mas está expondo sua população aos impactos cada vez mais intensos da mudança do clima.”
Para o ex-presidente do México, Felipe Calderón, a administração Trump cometeu um grave erro. "Isso tornou mais difícil para os Estados Unidos aproveitarem a crescente economia de baixo carbono e seu potencial de geração de empregos. Também está indo contra a vontade do povo americano: 7 em cada 10 americanos apoiam o acordo."
Firmado no ano passado na capital da França, o Acordo de Paris foi assinado por um número recorde de países, 175, até o momento. Na ocasião, os países considerados como "os maiores poluidores", EUA e China, se comprometeram em fazer parte do documento.