Protestos: uma das grandes incógnitas é se o governo ordenará a deportação dos 800.000 jovens sem documentos (Kyle Grillot/Reuters)
EFE
Publicado em 1 de setembro de 2017 às 18h11.
Washington - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pretende anunciar na próxima terça-feira sua decisão sobre o plano migratório conhecido como DACA, criado durante o mandato de Barack Obama e que protegeu da deportação 800.000 jovens sem documentos, segundo adiantou nesta sexta-feira a Casa Branca.
A porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, explicou em uma coletiva de imprensa que Trump ainda está "finalizando" os detalhes sobre o que fazer com o DACA e que pensa em informar sua decisão na próxima terça-feira, ao final do feriado prolongado pela comemoração do Dia do Trabalho nos EUA.
Pouco antes das declarações de Sanders, Trump tinha antecipado, ao ser perguntando a respeito no Salão Oval, que tomaria uma decisão sobre o DACA "hoje ou durante o final de semana".
Sobre se os "dreamers" (sonhadores), como são conhecidos os jovens protegidos pelo DACA, devem ficar preocupados, Trump comentou: "Amamos os dreamers. Amamos todo o mundo. Achamos que os dreamers são fantásticos".
Segundo informou nesta quinta-feira a emissora de televisão "Fox", Trump prevê anunciar o final do DACA, mas permitir aos seus beneficiários ficar nos Estados Unidos até que expire sua permissão de residência, um prazo que poderia ser de até dois anos para aqueles que acabam de renovar sua inscrição no programa.
Caso Trump decida acabar com o DACA, uma das grandes incógnitas é se o governo ordenará a deportação dos 800.000 jovens sem documentos que, graças ao programa, puderam frear sua expulsão, obter uma permissão temporária de trabalho e, em alguns estados, uma licença de motorista.
Trump pode acabar com o DACA por meio de uma ordem executiva, o mesmo mecanismo que Obama usou para promulgar o plano em 2012 com caráter temporário, pois o Congresso é o único que tem capacidade para aprovar leis e mudar o sistema migratório dos Estados Unidos.
O governante recebe grande pressão para acabar com o DACA de procuradores-gerais de dez estados conservadores, encabeçados pelo Texas, que ameaçaram processar o governo se não derrubar o programa.
O procurador-geral do Tennessee, o republicano Herbert Slatery, fazia parte do grupo que tinha ameaçado Trump, mas hoje, em uma carta enviada aos senadores do seu estado, anunciou que mudava de ideia por considerar que há "um elemento humano" no DACA que deve ser levado em conta.
Por sua parte, em uma entrevista a uma emissora de rádio, o líder republicano Paul Ryan, presidente da Câmara de Representantes, pediu hoje a Trump que mantenha o DACA, dado que, em sua opinião, a situação dos beneficiários do programa é "algo que o Congresso necessita consertar".
Outros membros do Congresso, tantos democratas como republicanos, bem como líderes empresariais e sociais, também estão urgindo Trump a manter o DACA.