Tropas francesas patrulham a ponte de Gao, no Mali: um dirigente islamita teria sido preso na região (Sia Kambou/AFP)
Da Redação
Publicado em 4 de fevereiro de 2013 às 11h10.
Gao - As Forças Armadas francesas prosseguiam nesta segunda-feira com a perseguição no norte do Mali aos grupos armados islamitas que mantêm sob seu poder sete reféns franceses, enquanto aguardam a chegada de reforços africanos.
Os islamitas, obrigados a abandonar as cidades de Gao, Timbuktu e Kidal, se refugiaram na região de Ifoghas, a 1.500 km de Bamako, perto da fronteira com a Argélia.
Esta zona montanhosa foi bombardeada durante o fim de semana com o objetivo, segundo o chanceler francês Laurent Fabius, de "destruir a retaguarda e os depósitos de munições" dos grupos islamitas.
"Nas cidades que controlamos desejamos que os africanos da MISMA (Força Africana autorizada pela ONU) assumam o comando rapidamente", disse o ministro francês das Relações Exteriores.
As forças africanas, que iniciaram um lento deslocamento, terão 6.000 soldados da África ocidental e do Chade. Os primeiros oficiais estão em Kidal, ao lado do exército francês.
Em Timbuktu, a retirada das tropas francesas pode acontecer rapidamente, segundo Fabius, que reiterou que a vocação da França "não é ficar de modo duradouro no Mali", como destacou o presidente François Hollande durante sua visita de sábado.
"A França ficará com vocês pelo tempo necessário, ou seja, o tempo que os africanos necessitarão para nos substituir com a MISMA. Mas até este momento estaremos ao lado de vocês", disse Hollande.
Na região de Ifoghas, em suas montanhas e grutas, berço dos tuaregues, estão escondidos muitos líderes e combatentes islamitas, assim como os depósitos de armas e combustíveis, segundo analistas.
Na mesma área estariam os reféns franceses sequestrados no Níger e e no Mali em 2011 e 2012 pelos grupos Al-Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI) e Movimento para a Unicidade e a Jihad no Oeste da África (MUJILIADAO).
Entre os dirigentes islamitas que estariam refugiados nesta zona figuram o argelino Abu Zeid, um dos líderes radicais da AQMI, e Iyad Ag Ghaly, chefe da Ansar Dine (Defensores do Islã), ex-rebelde tuaregue natural de Kidal, que conhece bem a região.
Mohamed Moussa Ag Mouhamed, apresentado como número três do Ansar Dine e líder deste movimento em Timbuktu, foi detido, segundo fontes dos serviços de segurança.
As mesmas fontes citam a detenção de um dirigente do MUYAO em Gao.
As prisões teriam sido efetuadas pelo Movimento para a Libertação de Azawad (MNLA).
Kidal, durante muito tempo reduto do Ansar Dine, passou no final de janeiro, antes da ocupação de seu aeroporto pelos franceses, ao controle de um grupo dissidente, o Movimento Islâmico de Azawad (MIA) e do MNLA.
Os dois grupos, que afirmam ser moderados, anunciaram que concordam com a chegada dos soldados franceses a Kidal, mas que rejeitam a presença de tropas malinenses.