A Fragata Liberdade foi retida em Gana desde o último dia 2 por conta de um processo movido por um fundo especulativo (David Adadevoh/AFP)
Da Redação
Publicado em 24 de outubro de 2012 às 17h47.
Acra - Um total de 279 tripulantes da fragata argentina "Liberdade", retida em Gana desde o último dia 2 por conta de um processo movido por um fundo especulativo, saíram nesta quarta-feira do país africano em um avião rumo à Buenos Aires, constatou a Agência Efe no aeroporto de Acra.
A aeronave, um Boeing 777 da companhia Air France fretado exclusivamente para a operação de repatriação, decolou do Aeroporto Internacional de Kotoka às 16h15 (horário de Brasília).
Apesar de o governo argentino ter anunciado nesta semana que seriam repatriados 281 marinheiros, só subiram ao avião 279, porque dois tripulantes chilenos do navio-escola da Armada argentina saíram antes dos restantes, pois um deles teve uma lesão no cotovelo durante a prática de esportes fora do navio.
De fato, os dois marinheiros chilenos já chegaram a seu país em um voo comercial procedente de Madri, e foram recebidos no aeroporto de Santiago pelo ministro da Defesa chileno, Andrés Allamand.
Espera-se que os 279 integrantes do navio-escola aterrissem hoje no Aeroporto Internacional de Ezeiza, em Buenos Aires, em torno das 21h45 (horário de Brasília), antecipou a Marinha argentina ontem em comunicado, mas não se sabe se aterrissarão no horário previsto, pois saíram de Acra com bastante atraso.
Só continuam a bordo da fragata o capitão e uma tripulação mínima de 44 pessoas "para garantir a manutenção da fragata durante a sua detenção ilegal", conforme anunciou a Chancelaria argentina na segunda-feira passada.
Os tripulantes da fragata chegaram hoje ao aeroporto de Acra sob fortes medidas de segurança, segundo pôde constatar a Efe.
Entre o pessoal repatriado se encontram os 36 tripulantes estrangeiros do navio-escola, procedentes do Brasil, Uruguai, Chile, Paraguai, Bolívia, Venezuela, Peru e África do Sul.
O chanceler do país sul-americano, Héctor Timerman, se reuniu na última segunda-feira em Nova York com as autoridades máximas da ONU para pedir colaboração na solução do conflito.
A fragata está há mais de três semanas bloqueada no porto de Tema, a 25 quilômetros de Acra, por uma denúncia apresentada por credores do governo argentino, que exigem o pagamento de dívidas.
A Justiça ganesa aceitou a reivindicação de embargo interposta pelo fundo NML, que exige o pagamento de uma dívida de US$ 284 milhões mais juros por bônus soberanos que entraram em moratória no final de 2001, durante a crise econômica na Argentina.
O governo argentino sustenta, no entanto, que as autoridades ganesas estão descumprindo a Convenção de Viena ao não garantir a imunidade de uma embarcação da Armada.
A Justiça ganesa argumenta que a Argentina - que não quer negociar com "fundos abutres" nem pagar os US$ 20 milhões que a NML pede como compensação - renunciou à imunidade diplomática de seus bens ao emitir seus bônus soberanos.
A polêmica do navio-escola provocou até o momento a demissão de quatro altos cargos da Armada argentina.
A embarcação zarpou no dia 2 de junho do porto de Buenos Aires para cumprir sua viagem anual de instrução e passou por portos do Brasil, Suriname, Guiana, Venezuela, Portugal, Espanha, Marrocos e Senegal.