Trichet: estabelecer padrões legais assegura qualidade das estatísticas europeias (ARQUIVO/GETTY IMAGES)
Da Redação
Publicado em 19 de outubro de 2010 às 15h53.
Frankfurt - O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, se mostrou hoje favorável à ideia de regular por lei os padrões estatísticos europeus, após pedir a todos os países da zona do euro que sejam honestos ao divulgar os indicadores de suas respectivas economias. Em uma conferência sobre como a crise financeira influiu na credibilidade das estatísticas europeias, Trichet disse que é preciso que haja "estatísticas confiáveis não só da maioria dos Estados-membros, mas de cada um deles, seja o país grande ou pequeno".
"Vimos que a perda de credibilidade afeta à zona do euro inteira", disse o presidente do BCE, sem mencionar nenhum país específico. "A crise financeira não teve apenas um impacto em economias individuais e grupos de países, teve também uma dimensão global", acrescentou. Por isso, Trichet considera que o grupo de ministros das Finanças e governadores dos bancos centrais do G20 têm uma importância maior do que antes da crise financeira. Assim, o presidente do BCE ressaltou que deveria haver mecanismos para assegurar a "qualidade" das estatísticas europeias, como estabelecer padrões mínimos legais. "A melhor maneira de alcançar a qualidade é reforçando a natureza vinculativa do código de prática de estatísticas europeu e consagrando seus padrões mínimos", disse Trichet.
O presidente do BCE lembrou que há três dias revisou as propostas recentes da Comissão Europeia da perspectiva do euro e destacou onde é preciso "haver mais ambição a fim de assegurar o funcionamento da união monetária". A União Europeia (UE) acertou ontem uma reforma da disciplina fiscal, que incluirá um endurecimento das sanções aos países infratores menos rigorosa do que era almejado pelo Executivo da UE, graças a um pacto entre França e Alemanha.
O presidente do BCE afirmou hoje em Frankfurt que as expectativas de inflação da zona do euro estão firmemente ancoradas com a estabilidade de preços. A entidade monetária tem como objetivo que a inflação dos países que compartilham o euro se situe em taxas anuais inferiores, embora próximas a 2% a médio prazo. Nos quase 12 anos desde a introdução do euro, a taxa anual média da inflação foi de 1,97%, destacou Trichet. As taxas de juros se situam atualmente em 1% e, segundo os analistas, permanecerão neste nível até 2012.