Brexit: britânicos calculam que saída sem acordo levaria a uma queda de 9,3% da economia do país
Da Redação
Publicado em 11 de março de 2019 às 05h53.
Última atualização em 11 de março de 2019 às 15h12.
Faltam pouco mais de 15 dias úteis até o Reino Unido ser obrigado a sair da União Europeia. A data final para deixar o bloco é 29 de março, segundo a lei europeia, e três votações importantes vão ocorrer nos próximos dias.
A primeira é na terça-feira, 12, quando o Parlamento britânico tem outra chance de votar por uma saída mais “amena”, obtida junto aos líderes europeus pela premiê Theresa May. Mas o pacto já foi rejeitado em janeiro em uma derrota histórica e agora, com uma versão que pouco difere da anterior, deve ser barrado novamente.
A ideia do acordo costurado por May é que o Reino Unido saia da UE, mas mantenha algumas das vantagens comerciais. Os parlamentares britânicos, contudo, acham ou que o acordo é ameno demais, no caso dos Conservadores, ou duro demais, no caso dos Trabalhistas.
Se rejeitado o pacto, outras duas votações se seguem. Na quarta-feira, 13, os parlamentares votariam na opção de sair sem acordo algum — o que é apoiado por alas mais conservadoras dentro do partido de May. Já na quinta-feira, 14, o Parlamento decide por pedir aos outros 27 países da UE uma prorrogação do prazo final para saída, mas que não deve ir além de meados de junho.
O Tesouro britânico calcula que, com uma saída com acordo, a economia encolheria 3,9% em 15 anos; num desembarque sem acordo, cairia 9,3%. O Banco Central britânico também estima que, sem acordo, a libra poderia desvalorizar tanto que ficaria abaixo do dólar. Empresas temem o que pode ocorrer: o Bank of America decidiu transferir sua sede europeia para Dublin, na Irlanda, e a companhia aérea britânica EasyJet passou o negócio para o nome de europeus não-britânicos.
Em pronunciamento, May afirmou que, se o acordo for rejeitado novamente, “ninguém sabe o que vai acontecer”. “Talvez não deixemos a UE por muitos meses. Talvez saiamos sem as proteções que um acordo oferece, e talvez não saiamos de jeito nenhum”, disse.
Já a opção de fazer um segundo referendo vem agora sendo defendido pelo Partido Trabalhista, oposição ao Partido Conservador de May. Mas fazer outra votação popular abre um precedente perigoso, rejeitando a decisão que já fora tomada pela população em 2016.
A União Europeia, por sua vez, não está necessariamente empregando grandes esforços para que o Reino Unido saia em bons termos, e não deve fazer mais concessões para melhorar o acordo já oferecido a May. Com acordo ou sem acordo, o Reino Unido está em uma grande encruzilhada — e o tempo está correndo.