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Três quartos das geleiras alpinas podem desaparecer em 2100

Resultado dos degelos podem fazer nível do mar subir 4 metros até 3000

As geleiras alpinas podem perder até 27% de seu volume até 2100 (Fabrice Coffrini/AFP)

As geleiras alpinas podem perder até 27% de seu volume até 2100 (Fabrice Coffrini/AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de janeiro de 2011 às 16h00.

Paris - As mudanças climáticas poderão provocar o desaparecimento de três quartos das geleiras alpinas até 2100 e, mais grave ainda, o degelo de parte da Antártida no ano 3000, o que provocará uma elevação de 4 metros no nível do mar, segundo estudos publicados no domingo.

As duas pesquisas, divulgadas na revista científica Nature Geoscience, levam em conta dois dos aspectos menos conhecidos das mudanças climáticas: seu efeito nas geleiras e seu impacto a longuíssimo prazo.

O primeiro estudo mostra que as geleiras de montanha perderão entre 15% e 27% de seu volume em 2100. Isto "pode ter efeitos substanciais para a hidrologia regional e a disponibilidade de água", advertiu o estudo.

Certas regiões serão mais afetadas que outras, em função da altura de suas geleiras, a composição de seu terreno e sua localização, mais ou menos sensível ao aquecimento climático.

Além disso, a Nova Zelândia poderia perder, em média, 72% (entre 65% e 79%, dependendo da margem de erro) de suas geleiras, e os Alpes, 75% (entre 60% e 90%). No entanto, as geleiras da Groenlândia só diminuirão 8% e os das altas montanhas asiáticas, 10%.

Este degelo deve provocar um aumento médio de 12 centímetros no nível do mar até o fim do século, acrescentou o estudo.

Estes números, que não levam em conta a dilatação dos oceanos quando se aquecem, correspondem amplamente às estimativas que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU publicou em seu último relatório, de 2007.

Os geofísicos Valentina Radic e Regine Hock, da Universidade do Alasca, fizeram seus cálculos a partir de um modelo informático que leva em conta dados coletados em mais de 300 geleiras entre 1961 e 2004.

Os cientistas se basearam em um dos panoramas intermediários propostos pelo IPCC, o "A1B", que conjuga crescimento demográfico, econômico e utilização de recursos energéticos mais ou menos contaminantes, e que ainda prevê um aumento da temperatura no planeta de 2,8°C durante o século XXI.

No entanto, este modelo não leva em conta as calotas polares da Antártida e da Groenlândia, que guardam 99% da água doce do planeta.

Se uma destas calotas derreter significativamente, o nível dos oceanos aumentará vários metros, inundando um grande número de cidades costeiras. Se for levado em conta o degelo da parte ocidental da Antártida, o nível do mar aumentaria quatro metros.

Este panorama catastrófico resulta do segundo estudo feito pela Universidade de Calgary no Canadá, que investiga a inércia dos gases de efeito estufa que, uma vez emitidos, permanecem durante séculos na atmosfera.

Além disso, mesmo se fossem suspensas todas as emissões de gases de efeito estufa até 2100, o aquecimento continuaria durante vários séculos, revelou o estudo.

Estes resultados se baseiam no panorama "A2" do IPCC, bastante mais pessimista que o primeiro, enquanto as emissões de gases com efeito estufa se referem e que prevê um aumento da temperatura de 3,4°C até o fim do século.

Nestas circunstâncias, o aquecimento das profundidades intermediárias dos mares austrais poderia desencadear um "grande desmoronamento" da parte ocidental da calota antártica até o ano 3000.

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