15 pessoas ficaram feridas durante o protesto, que teve mais de mil manifestantes (AFP/German Alejo)
Da Redação
Publicado em 24 de junho de 2011 às 21h05.
Juliaca - Três pessoas morreram e 15 ficaram feridas nesta sexta-feira, numa tentativa de camponeses de ocupar pela força o aeroporto de Juliaca (sudeste do Peru), durante protesto contra uma mineradora da região, repelido pela polícia, informou à AFP uma fonte hospitalar.
"Duas vítimas (fatais) receberam tiros na cabeça, sendo um manifestante e um homem que observava os incidentes. O terceiro óbito ocorreu na mesa de operações, com uma vítima baleada no peito", revelou o médico Percy Casaperalta, do hospital de Juliaca, na região de Puno.
Os manifestantes, estimados em mais de mil, foram recebidos por mais de cem soldados da polícia de choque, posicionados no terminal aéreo de Juliaca, a 1.300 km a sudeste de Lima, perto da fronteira com a Bolívia.
Parte dos manifestantes conseguiu romper a barreira de segurança e entrar no aeroporto numa tentativa de ocupar a pista de pouso e interromper o tráfego aéreo.
Os incidentes obrigaram as autoridades aeroportuárias a cancelar o movimento de saída e chegada dos voos, no segundo dia de uma paralisação de 48 horas em Juliaca, decretada por grêmios sindicais e camponeses.
Juliaca - cidade de 220.000 habitantes - está praticamente parada, sem transporte; as escolas não funcionam, assim como os mercados. Foi bloqueada a estrada que a liga com o departamento vizinho de Cusco.
O clima é de muita tensão, com manifestantes desfilando pela cidade e grupos de grevistas que se mantêm nas proximidades do aeroporto, segundo a polícia.
Os incidentes desta sexta-feira fazem parte de protestos contra a mineração nessa região andina peruana, que começaram em maio e tiveram uma trégua de uma semana no começo de junho, para permitir a eleição presidencial.
O líder do protesto, Walter Aduviri, está em Lima para tentar um diálogo com autoridades do governo, mas até o momento, não há uma solução para o conflito.
Os manifestantes querem o fim de toda a atividade de mineração na região, de maioria aymara e uma das mais pobres do país.
O protesto começou na fronteira com a Bolívia, que segue bloqueada por camponeses que pediram a retirada da mineradora Santa Ana, de capital canadense, e de todas as concessões mineiras e petrolíferas, em defesa de suas atividades agrícolas e de pecuária.
Depois de um bloqueio no começo de junho à turística cidade de Puno, o conflito se estendeu, nesta semana, às províncias de Azángaro, Melgar e, agora, à cidade de Juliaca.