EXAME.com (EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 13 de março de 2011 às 17h19.
Londres - O tsunami, o terremoto, e um dos piores acidentes nucleares do Japão deverão abalar a terceira maior economia do mundo, talvez mais profundamente e por mais tempo do que o inicialmente esperado.
Apagões e possíveis aumentos de impostos deverão prejudicar as empresas e a população e deverão superar a crise econômica amena causada pelo terremoto de Kobe de 1995, uma vez que o petróleo está mais caro, o iene está mais forte e a dívida do Japão está muito maior.
O racionamento de energia vai começar na segunda-feira, afetando empresas e residências, no momento em que o país enfrenta sua pior crise desde a Segunda Guerra Mundial. Mais de 1 milhão de pessoas estão sem água ou energia e cidades inteiras foram varridas do mapa.
Já mergulhado em dívidas, cujo valor chega ao dobro de sua economia de 5 trilhões de dólares, e ameaçado pelo corte da nota de crédito do país, o governo está discutindo um aumento de imposto provisório para financiar os trabalhos humanitários e de reconstrução.
O crescimento econômico do Japão está numa situação melhor do que na ocasião em que Kobe foi atingida por um terremoto. Mas muitos dizem que uma queda considerável do PIB, que acabava de se recuperar de uma contração no final de 2010, deverá ser sentida ao longo dos próximos meses.
"Quando falamos de desastres naturais, tendemos a ver uma queda inicial acentuada da produção, e depois geralmente há uma recuperação em 'V.' Mas inicialmente todos subestimam o prejuízo," disse Michala Marcussen, chefe de economia global do Société Generale. "A energia é um fator crucial. Se a produção de energia for prejudicada de forma permanente, então poderá haver um impacto duradouro sobre a economia."
A Tokyo Electric Power Co anunciou no domingo que poderá realizar racionamento de energia com blecautes até o inverno.
"O terremoto vai paralisar muita coisa. Vamos ver muito um corte no PIB e os apagões causarão uma grande contração da produção," disse Janwillem Acket, economista-chefe do grupo Julius Baer.
Ele estima que a crise deverá ser sentida por dois trimestres, mas não deverá levar a economia de volta à recessão.
"Sabemos que as finanças públicas já estão com problemas, muito mais do na época de Kobe. A pressão para aumentos emergenciais de impostos de emergência já existe. Mas não acho que a economia vá voltar à recessão."
Após o terremoto de Kobe de 1995, a economia encolheu 2 por cento, seguida por uma recuperação em "V." No último trimestre de 2010, o PIB do Japão encolheu por em 1,3 por cento anual.