Mundo

Tratamento tornaria menino com câncer um vegetal, diz pai

Pai do garoto retirado de hospital no Reino Unido, sem autorização médica, disse que o tratamento previsto tornaria seu filho um vegetal

Brett King e Naghemeh King, pais do menino Ashya, retirado de hospital britânico (Cristina Quicler/AFP)

Brett King e Naghemeh King, pais do menino Ashya, retirado de hospital britânico (Cristina Quicler/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2014 às 11h22.

Madri - O tratamento previsto no Reino Unido para o menino Ashya King de seu câncer cerebral o tornaria "um vegetal", afirmou nesta quarta-feira seu pai, Brett King, explicando os motivos que levaram a família a deixar aquele país sem autorização médica.

"Os médicos sabiam que íamos embora, mas não queriam nos ajudar em nada", afirmou o pai em Sevilha, durante uma escala em sua viagem para Málaga, onde o filho está hospitalizado desde que os pais foram detidos no sábado em virtude de uma ordem emitida pela polícia britânica.

King atendeu a imprensa no escritório de seu advogado para apresentar sua versão do rocambolesco caso que agora parece ter chegado a seu fim.

"Vim para cá, para a Espanha, para vender uma casa e pagar o tratamento particular para meu filho", afirmou.

"Os médicos na Inglaterra disseram que não iam arcar com o tratamento, mas sabiam que eu pagaria quando tivesse vendido minha casa", enfatizou.

"A polícia não sabia disso e nos perseguiu, nos prendeu e disse que éramos criminosos, quando apenas tínhamos o interesse de nosso filho e seu bem-estar na cabeça", lamentou ainda.

"Estamos agora muito melhor que antes, a caminho de ajudar nosso filho", prosseguiu, depois de agradecer ao primeiro-ministro David Cameron pelo apoio para que saíssem da prisão.

"Não passamos um só minuto na prisão sem morrer de vontade de ver Ashya. Minha mulher chorava o tempo todo em sua cela. Eu ia pedir para mudar de cela porque estava preocupado e a ouvia chorar sem poder fazer nada", contou King.

A justiça espanhola ordenou na noite de terça-feira a libertação imediata dos pais de Ashya King, anúncio feito após a decisão da justiça britânica de retirar o mandado de prisão contra o casal, preso no sábado no sul da Espanha para onde levou filho de 5 anos para tratar de seu tumor cerebral.

Desta forma, Brett King, de 51 anos, e Naghemeh King, de 45, puderam deixar a prisão de Soto del Real, em Madri.

A promotoria britânica decidiu arquivar o processo para que o casal pudesse se reunir com seu filho no hospital em Málaga (sul da Espanha).

"Ficou provado que o senhor e a senhora King tomaram precauções para proteger a saúde de Ashya", acrescentou a promotoria, garantindo que não irá tomar novas medidas contra o casal.

Os pais de pequeno britânico o tiraram na quinta-feira de um hospital em Southampton (sul da Inglaterra), descontentes com o tratamento que o jovem recebia e com o objetivo de levá-lo para a República Tcheca, onde teria acesso a uma terapia menos agressiva do que a radioterapia.

Mas ao chegarem na Espanha, onde tentariam vender uma propriedade para custear o tratamento, os pais de Ashya King foram detidos a pedido das autoridades britânicas.

Depois da detenção ocorrida no sábado no sul da Espanha, os pais de Ashya compareceram na segunda-feira a uma audiência.

Ambos não aceitaram ser entregues às autoridades britânicas, que haviam alertado a Interpol sobre sua fuga, afirmando temer pela vida de Ashya King, operado recentemente e que depende de uma sonda nasogástrica para sua alimentação.

Falta de informação

Embora inicialmente o caso tenha sido registrado como um sequestro que colocava em risco a vida da criança, a opinião pública britânica logo voltou-se contra o que considerou um excesso de zelo policial e médico, e até mesmo o primeiro-ministro David Cameron expressou apoio aos pais.

"Fico feliz em saber que a ordem de prisão contra os pais de Ashya King foi retirada. É importante que a criança receba tratamento e o amor de sua família", escreveu Cameron no Twitter após saber da decisão da promotoria.

A polícia, muito criticada, também saudou a decisão da promotoria e, implicitamente, acusou o hospital de Southampton onde Ashya estava internado.

A promotoria "tomou a decisão correta ao retirar a ordem de detenção europeia", declarou Simon Hayes, comissário-geral da polícia do condado de Hampshire, onde o caso teve início.

A polícia disse na quinta-feira que a criança estaria em perigo se não recebesse atendimento médico diário e se a bateria da sonda que o alimenta se esgotasse.

Mas o irmão de Ashya, Naveed, divulgou um vídeo no qual detalha todas as precauções tomadas para a viagem da criança.

"A vida da criança não esteve em perigo em momento algum. O pai sabe controlar perfeitamente a máquina que o alimenta", afirmou seu advogado espanhol, Juan Isidro Fernández Díaz.

Acompanhe tudo sobre:CâncerDoençasEuropaHospitaisPaíses ricosReino Unido

Mais de Mundo

Argentina registra décimo mês consecutivo de superávit primário em outubro

Biden e Xi participam da cúpula da Apec em meio à expectativa pela nova era Trump

Scholz fala com Putin após 2 anos e pede que negocie para acabar com a guerra

Zelensky diz que a guerra na Ucrânia 'terminará mais cedo' com Trump na Presidência dos EUA