Presidente da Comissão Europeia, José Durão Barroso: ele disse que queda de avião pode agravar a relação entre Rússia e União Europeia (Javier Soriano/AFP)
Da Redação
Publicado em 21 de julho de 2014 às 14h59.
Rio de Janeiro - O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, criticou hoje (21) a posição da Rússia em relação aos conflitos separatistas da Ucrânia, que podem ter relação com a queda do avião da Malaysia Airlines na semana passado. Quase 300 pessoas morreram no acidente.
Em palestra na Fundação Getulio Vargas, no Rio, sobre Brasil e União Europeia (UE) no contexto internacional, Durão Barroso disse que o bloco não tem interesse em atritos com Moscou.
"Pedimos uma investigação independente e concreta. As primeiras indicações que temos, e não podemos confirmá-las, é que o avião foi abatido por rebeldes separatistas pró-russos.
E, obviamente, estamos tentando entender a realidade. Isso provavelmente vai ter consequências mais negativas ainda na relação União Europeia-Rússia. A UE não pode aceitar esse comportamento. Se começamos a aceitar que comecem a derrubar aviões que andam nos céus dos países, onde vai parar o mundo?".
O avião da Malasyan Airlines viajava da Holanda para a Malásia quando caiu na região de Donetsk, onde separatistas que buscam a anexação à Rússia estão em confronto com militares ucranianos. O governo da Ucrânia já atribuiu aos separatistas a responsabilidade pela queda.
Durão Barroso destacou que a União Europeia é o principal parceiro comercial da Rússia, e esta, por sua vez, a maior fornecedora de energia do bloco.
Para ele, no entanto, a questão da Ucrânia é de princípios: "Não queremos um confronto, mas será difícil se o governo russo não tomar medidas absolutamente claras, que até agora não tomou, no sentido de impedir o que está acontecendo no Leste da Ucrânia", disse ele.
O presidente da Comissão Europeia falou ainda em um nacionalismo atrasado: "Infelizmente, nessa crise, vimos que na Russia há nacionalistas que julgávamos que já não faziam parte do século XXI, e uma lógica de Guerra Fria que é lamentável".
O líder europeu voltou a criticar a anexação da Crimeia, região da Ucrânia que se declarou independente depois de um referendo, sem o aval de Kiev, para se reintegrar à Rússia: "Contra todas as normas internacionais, a Rússia anexou a Crimeia, o que é uma violação absoluta do direito internacional. A Rússia tinha reconhecido a independência da Ucrânia, no fim da União Soviética. E agora gerou um situação de grande instabilidade no Leste da Ucrânia".