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Tragédia no Everest: superlotação mata quatro pessoas na "zona da morte"

Quatro pessoas morreram nos últimos dois dias enquanto escalavam a montanha de 8.848 metros de altitude no Nepal

Everest: desde o início da temporada, no final de abril, quase 550 pessoas já escalaram a montanha (AFP/AFP)

Everest: desde o início da temporada, no final de abril, quase 550 pessoas já escalaram a montanha (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 24 de maio de 2019 às 16h42.

Última atualização em 24 de maio de 2019 às 16h48.

As autoridades anunciaram nesta sexta-feira (24) quatro mortes de alpinistas nas últimas horas no Everest, o que eleva para oito o número de vítimas fatais na maior montanha do planeta na atual temporada, onde o grande fluxo cria perigosos engarrafamentos na chamada "zona da morte".

Em 2019, foram registradas cenas de engarrafamentos impressionantes na montanha de 8.848 metros de altitude. O período entre o fim de abril e o mês de maio é considerado mais vantajoso para a escalada do monte, pois as condições meteorológicas são menos extremas.

Até quinta-feira, quase 550 alpinistas alcançaram o topo do Everest na temporada, de acordo com dados divulgados pelas autoridades nepalesas.

Dois indianos, um austríaco e um nepalês morreram na montanha nas últimas 48 horas.

A indiana Kalpana Das, de 52 anos, chegou ao topo do Everest, mas faleceu na quinta-feira à tarde no momento da descida. Outro indiano, Nihal Bagwan, 27 anos, também morreu durante a descida.

"Ele ficou bloqueado no engarrafamento durante mais de 12 horas e estava esgotado. Os guias sherpa trouxeram-no para o campo 4 e morreu no local", relatou Keshav Paudel, da agência Peak Promotion.

No lado tibetano da montanha, menos movimentado do que o lado nepalês, morreu um alpinista austríaco de 65 anos, anunciou um organizador de expedição.

Um guia nepalês de 33 anos faleceu em um acampamento-base, depois de ficar doente no campo 3, a 7.158 metros de altitude.

Fotos impactantes divulgadas nos últimos dias mostram uma longa fila de alpinistas, muito próximos uns dos outros, arrastando suas botas de escalada na área entre o cume e o desfiladeiro sul, onde fica o último acampamento na encosta do Nepal.

Os analistas afirmam que o engarrafamento é provocado pela proliferação de permissões de escalada, assim como pelo reduzido número de "janelas" meteorológicas adequadas para chegar ao topo. Desta maneira, todas as expedições iniciam o ataque final ao Everest durante os mesmos dias.

Na altura extrema, o oxigênio é mais escasso na atmosfera, e os alpinistas precisam recorrer a garrafas de oxigênio para alcançar o topo.

Uma altitude de 8.000 metros acima do nível do mar é considerada a "zona da morte".

"Permanecer muito tempo na zona da morte aumenta os riscos de congelamento, de sofrer o mal da altitude, ou mesmo de morte", explica à AFP Ang Tsering Sherpa, ex-presidente da Associação de Alpinistas do Nepal.

Nos dias anteriores, outros dois alpinistas indianos e um americano faleceram no Everest. Um montanhista irlandês também teria falecido, depois de escorregar e cair de uma área a 8.300 metros de altitude. O corpo não foi encontrado.

No ano passado, foram registradas cinco mortes na temporada de escalada do Everest.

Desde que as autoridades nepalesas liberaram a escalada no Monte Everest nos anos 1990, as expedições comerciais aumentaram, assim como o número de alpinistas.

Este ano, o Nepal concedeu para a temporada de primavera (hemisfério norte) o recorde de 381 permissões, ao preço de 11.000 dólares por pessoa, de acordo com os últimos dados disponíveis.

Cada titular de uma permissão é acompanhado por um guia, o que significa que mais de 750 pessoas estão na rota para a escalada.

Ao menos 140 receberam permissões para escalar o Everest a partir do flanco norte, no Tibete.

O topo do Everest foi alcançado pela primeira vez em 1953 pelo neozelandês Edmund Hillary e pelo nepalês Tenzing Norgay.

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