Washington - Existem sacolas, garrafas, brinquedos, bonecos, tampas de garrafas, chupetas, escovas de dente, botas, baldes, desodorantes roll-on, cabos de guarda-chuva, equipamentos de pesca, assentos de privada e mais coisas feitas de plástico que se espalham por todos os oceanos da Terra.
Pesquisadores revelaram nesta quarta-feira o que classificaram como a estimativa mais cientificamente rigorosa até hoje da quantidade de lixo plástico nos oceanos: cerca de 269 mil toneladas, com base em dados de 24 expedições ao redor do mundo durante seis anos.
“Há muito mais poluição plástica do que estimativas recentes indicam”, disse Marcus Eriksen, diretor de pesquisa do Instituto 5 Gyres, sediado em Los Angeles, que estuda este tipo de poluição.
Noventa e dois por cento do plástico vêm na forma de "microplástico", que são partículas de itens maiores enfraquecidas pela luz do sol e reduzidas a pedaços pelas ondas, mordidas por tubarões e outros peixes ou desfeitas de alguma forma, afirmou Eriksen.
Nos últimos anos, especialistas vêm alertando para a maneira como a poluição plástica está matando uma enorme quantidade de pássaros e mamíferos marinhos e outras criaturas, e ao mesmo tempo maculando os ecossistemas oceânicos.
Alguns objetos de plástico, como redes de pesca descartadas, matam ao prender golfinhos, tartarugas marinhas e outros animais.
Fragmentos plásticos também se alojam na garganta e no trato digestivo de animais marinhos.
Os pesquisadores disseram que o lixo plástico chega aos oceanos pelos rios e pelas regiões costeiras densamente povoadas, assim como pelas embarcações que navegam em rotas comerciais.
Objetos de plástico maiores, abundantes perto das costas, muitas vezes flutuam nos cinco giros oceânicos subtropicais do mundo --grandes regiões de correntes no Pacífico Norte e Sul, no Atlântico Norte e Sul e no oceano Índico.
O estudo, baseado em dados de expedições nos cinco giros subtropicais, na costa da Austrália, na Baía de Bengala e no Mar Mediterrâneo, estimou que há 5,25 trilhões de partículas de lixo plástico. Partículas de plástico minúsculas, do tamanho de um grão de areia, se espalharam e atingiram até mesmo regiões polares remotas.
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1. Um problemão que leva até 400 anos para desaparecer
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São Paulo – É isso mesmo, sacos e sacolas plásticas podem demorar até quatro séculos para se decompor, dependendo da exposição à luz ultravioleta e outros fatores. Trata-se de um período oitocentas vezes maior que o necessário para pôr um fim em materiais como papel ou papelão. Ao contrário do que acontece com o lixo orgânico, que leva entre 2 meses e um ano para “sumir” - sendo decomposto por minhocas, fungos e bactérias - a natureza simplesmente não sabe como se livrar dos plásticos.
Introduzidos na década de 1970, os sacos plásticos são relativamente novos no universo e por isso, segundo cientistas, ainda não há um micoorganismo capaz de decompor no curto prazo esse material, dono de cadeias moleculares quase inquebráveis. Resumo da ópera: apesar de práticas para o homem, as sacolinhas de polietileno feitas a partir de combustível fóssil são um péssimo negócio para a natureza.
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2. Sobrecarregam aterros, reduzindo sua vida útil
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2/5 (Getty Images)
São Paulo – Por ano, são produzidos em todo o mundo pelo menos 500 bilhões de unidades de saco plástico, o que equivale a 1,4 bilhão a cada dia ou 1 milhão por minuto. Imagine agora todo esse grande volume de sacolas indo parar nos aterros e lixões a céu aberto. A cena é no mínimo pavorosa, não? No Brasil, os sacos plásticos já representam 10% de todo lixo nacional.
Quando descartados de forma inadequada, eles comprometem a capacidade do aterro, reduzindo sua vida útil e deixando o terreno impermeável e instável para o processo de biodegradação de materiais orgânicos. Pra não falar do tempo quase infinito que levam para desaparecer. Com o excesso de sacolas plásticas, os municípios são obrigados a ampliar seus aterros sanitários.
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3. Contribuem para inundações nos grandes centros urbanos
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3/5 (Getty Images)
São Paulo – Em épocas de chuva, as sacolas mostram as consequências do descarte incorreto, entupindo bueiros nos grandes centros urbanos. Distribuídas a torto e a direito por farmácias, padarias, lojas e principalmente mercados, elas fazem um verdadeiro estrago. Leves e finas, as sacolinhas são varridas pelo vento e pela chuva para os bueiros, prejudicando o escoamento de água, o que contribui para ocorrência de enchentes.
Claro que elas não são as únicas culpadas pelas enchentes e inundações das cidades, mas contribuem muito para agravar o quadro de impermeabilização urbana. Além disso, bueiros entupidos por plásticos tornam-se o ambiente ideal para a reprodução de insetos transmissores de doenças, como mosquitos da dengue.
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4. Formam ilhas de lixo plástico nos oceanos
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4/5 (Creative Commons)
São Paulo – Nem os oceanos escapam da “plastificação” em massa. Os resíduos plásticos dos aterros urbanos são carregados por enxurradas para o mar ou despejados diretamente nos rios pela população. E eles viajam milhares de quilômetros, sendo encontrados em ilhas e regiões marítimas remotas, bem longe da presença humana. Para se ter uma ideia, uma imensa área entre o litoral da Califórnia e o Havaí ganhou o nome de Lixão de Pacífico. Trata-se uma faixa formada por resíduos com extensão aproximada de 1,6 mil quilômetros que fica à deriva no mar.
Outro exemplo assustador da “plastificação” oceânica pode ser encontrado entre o Rio de Janeiro e a ilha de Ascensão, uma possessão britânica que fica no meio do Oceano Atlântico, no sentido de Angola, no Continente Africano. Uma expedição do projeto 5 Gyres, que avalia a poluição dos oceanos por resíduos plásticos em todo o mundo, encontrou fragmentos plásticos ao longo de todo o percurso de 3,5 mil km entre o Rio e a ilha, como se formassem uma linha fina e ininterrupta de lixo.
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5. Matam milhares de animais por asfixia e ingestão
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5/5 (Chris Jordan)
São Paulo – A poluição dos oceanos por resíduos plásticos têm consequências catastróficas para a vida nesse ecossistema. Muitos animais podem morrer por asfixia ou ingestão de fragmentos. Entre as principais vítimas estão tartarugas marinhas, peixes e aves como o albatroz. Estimativas do Programa de Meio Ambienta da ONU (UNEP) apontam que anualmente o plástico é responsável pela morte de pelo menos um milhão de animais marinhos. Pelo volume no estômago, o animal que ingere o plástico acha que não precisa se alimentar e acaba morrendo por inanição, isso se não for asfixiado antes. Pior, quando o corpo do animal se decompõe, o plástico ingerido é liberado novamente no meio ambiente.