O líder do Tibete, Chen Quanguo (c), no 18º Congresso: ele contornou a versão oficial dizendo que o governo chinês investiu muito no desenvolvimento da região (David Gray/Reuters)
Da Redação
Publicado em 9 de novembro de 2012 às 12h14.
Pequim - A situação no Tibete foi o principal assunto do segundo dia de debates do XVIII Congresso do Partido Comunista da China (PCCh), nesta sexta-feira, depois que seis tibetanos imolaram-se pelo fogo nos últimos dois dias e milhares de pessoas saíram às ruas para manifestar contra Pequim.
Milhares de tibetanos, segundo a ONG "Free Tibete" e a agência tibetana "Phayul", participam de manifestações desde quinta-feira no condado de Huagnan, na fronteira entre a região autônoma do Tibete e a província de Qinghai.
A "Free Tibete" assegura que o governo chinês enviou diversos grupos de paramilitares para conter os protestantes, por isso que alertam que podem ocorrer "enfrentamentos" entre eles e os tibetanos.
Estas manifestações aconteceram depois que seis tibetanos colocaram fogo em si mesmo- entre eles quatro monges adolescentes e uma jovem mãe - para protestar contra a "ocupação do Tibete" e o duro controle do governo chinês, segundo informaram a "Free Tibete" e a "Rádio Free Ásia".
O líder do Tibete, Chen Quanguo, contornou a versão oficial dizendo que o governo chinês investiu muito no desenvolvimento da região.
"Lhasa (a capital da região) é a cidade mais feliz da China", assegurou aos presentes na sala.
Seguindo a linha, outro representante chinês da província de Sichuan, limítrofe com o Tibete, fez duras críticas a Dalai Lama, assinalando que é "o líder quem deveria responder a essa pergunta".
O governo chinês argumenta que as imolações de monges são instigadas por grupos tibetanos no exílio ligados ao Prêmio Nobel da Paz.
Ao mesmo tempo em que era realizada a reunião de delegados tibetanos, outras reuniões aconteciam em distintas salas do macroparlamento chinês, como o encontro dos líderes de Xangai e de Tianjin, onde esteve presente o primeiro-ministro, Wen Jiabao.
Nessas reuniões, estiveram presentes alguns políticos chineses candidatos a ocupar um dos cobiçados assentos do Comitê Permanente, o principal órgão do governo do país.
É o caso do líder de Xangai, Yu Zhengsheng, que no encontro de hoje falou, inclusive, da relação com seu filho.
"O que é possível fazer para que a família não interfira no Partido? O que fazer com nossos filhos?", perguntou um jornalista chinês ao líder, que respondeu que "é preciso ter uma posição moral clara, assim como o objetivo do partido, e separar a família disso".
As perguntas da imprensa local respondem aos escândalos que alguns filhos de líderes chineses protagonizaram neste ano, como o primogênito de Ling Jihua, um dos mais influentes políticos comunistas, que morreu em um acidente em Pequim quando conduzia uma Ferrari em alta velocidade acompanhado por duas mulheres tibetanas.
Yu também respondeu perguntas sobre corrupção, outro assunto chave para os membros do partido, depois do caso do político Bo Xilai, que possivelmente será acusado por corrupção, e da reportagem do jornal "New York Times", que acusou o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, de ter enriquecido durante seu mandato, somando uma fortuna de US$ 2,7 bilhões.
A questão gira em torno da publicação dos bens dos políticos, uma possibilidade que o líder de Xangai não rejeitou "se for um procedimento do partido".
"É preciso evitar a corrupção no partido. O presidente Hu fez a coisa certa em destacá-la em seu discurso", assinalou um delegado de sobrenome Fan.
E, em clara referência ao ocorrido com Bo Xilai, o mesmo delegado disse que pessoas que cometem crimes têm que ser punidas. "Se é provado que alguém cometeu um erro deste tipo (corrupção), não se pode desculpar, é preciso castigar, tenha a acusação que tenha".