Legisladores conservadores mais céticos expressam preocupação de que um voto em apoio à estratégia de May signifique eliminar a possibilidade de o Reino Unido deixar a UE sem um acordo (Olivier Matthys/Getty Images)
AFP
Publicado em 14 de fevereiro de 2019 às 14h21.
Última atualização em 14 de fevereiro de 2019 às 16h49.
A primeira-ministra britânica, Theresa May, enfrenta nesta quinta-feira o risco real de outra derrota humilhante no Parlamento em função da interminável saga do Brexit, quando restam apenas algumas semanas para o Reino Unido se retirar definitivamente da União Europeia.
O Parlamento deve submeter à votação nesta quinta-feira, a partir das 17h00 (15h00 no horário de Brasília), uma moção para apoiar a estratégia de negociações de May, embora os legisladores de seu próprio partido conservador possam se abster, abrindo as portas para uma derrota com efeitos imprevisíveis.
Legisladores conservadores mais céticos em relação à Europa expressam preocupação de que um voto em apoio à estratégia de May signifique eliminar a possibilidade de o Reino Unido deixar a UE sem um acordo.
Falando ao jornal Daily Telegraph, uma fonte desse grupo parlamentar apontou que os legisladores que compõem o bloco vão se abster, o que representaria uma derrota quase certa para May.
Neste contexto, o secretário para o Brexit, Stephen Barclay, que abriu o debate parlamentar nesta quinta-feira, garantiu aos legisladores conservadores que o governo ainda está determinado a se retirar da UE no próximo mês, com ou sem acordo.
Enquanto isso, o ministro do Comércio e fervoroso defensor do Brexit, Liam Fox, alertou os legisladores de que o fracasso da votação de hoje enviaria um "sinal equivocado" a Bruxelas e enfraqueceria a capacidade de May de conseguir um acordo renegociado.
May está envolvida há duas semanas em novas discussões com a UE, mas enfrenta dificuldades em conseguir uma reabertura das negociações.
O Executivo visa dois objetivos: obter "arranjos alternativos" ao chamado "backstop", um mecanismo visa manter aberta a fronteira entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda, e descartar o cenário de um "no deal", uma saída sem acordo temida pelos empresários e por parte dos deputados.
O primeiro plano de May foi rejeitado pelo Parlamento em janeiro, mas votações realizadas posteriormente sugerem uma maioria, caso ela consiga livrar-se das reticências relativas ao chamado "backstop".
Tal mecanismo, na opinião de muitos legisladores, deixaria o Reino Unido vinculado às regras comerciais da UE e sem um plano de saída.
Funcionários britânicos realizaram uma série de reuniões com seus colegas europeus, embora esses últimos já tenham descartado a possibilidade de reabertura das negociações.
"As conversas estão em um estágio crucial. Agora todos nós precisamos controlar nossos nervos para explorar as oportunidades que esta casa requer e terminar o Brexit a tempo", declarou May na terça-feira.