Restos do avião na Ucrânia: uma parte da fuselagem do avião destruiu parte do telhado de sua casa (Dominique Faget/AFP)
Da Redação
Publicado em 19 de julho de 2014 às 17h51.
Grabovo - Quando o avião de passageiros malaio passou a poucos metros de sua cabeça antes de cair diante de sua casa de madeira, Aleksandr pensou que o céu estava desabando.
"Quando você vê que tudo começa a cair em cima de sua cabeça, o medo faz a gente paralisar e não saber o que fazer", assegurou neste sábado à Agência Efe uma testemunha da catástrofe na porta de sua casa na cidade ucraniana de Grabovo.
A cerca de 30 metros de sua casa, se encontra o marco zero da tragédia do avião de passageiros malaio que caiu na quinta-feira com 298 pessoas a bordo após ter sido supostamente abatido por um míssil disparado pelos rebeldes pró-russos do leste da Ucrânia, segundo apontam os serviços de inteligência dos Estados Unidos.
"O que ocorreu? Que muita gente morreu e que ninguém dá uma explicação. Nenhum dos dois grupos", assegurou, em alusão ao governo de Kiev e os rebeldes.
Uma parte da fuselagem do avião destruiu parte do telhado de sua casa e inclusive um corpo foi a parar na horta, embora já tenha sido recolhido pelas equipes de emergência.
"Ao ouvir um potente estalo, saímos na rua e vimos como o avião estava a ponto de se chocar contra a terra. Corremos para nos proteger, mas só deu tempo de chegar até a porta de nossa casa", disse.
Com o semblante assustado, Aleksandr explica que "após a explosão do aparelho, a onda expansiva foi tão poderosa que eu e minha mulher fomos jogadores para o porão de casa".
"Ainda bem que estávamos a sós, já que as crianças não estavam em casa", comentou.
A delegação da OSCE foi hoje a sua casa para fazer algumas perguntas sobre a catástrofe, que deixou toda a comarca em estado de choque.
"Eu disse que não vi nenhuma explosão no ar e nem nenhum caça nas imediações", apontou.
Aleksandr não quis opinar sobre quem pode ter derrubado o Boeing-777, mas assegura que "os habitantes da zona vivem em um permanente estado de nervos, já que os aviões de combate ucranianos sobrevoam permanentemente".
"Outro dia vimos como um avião lançava mísseis contra a região de Lugansk", relatou.
Além disso, em resposta a uma pergunta da OSCE, Aleksandr explicou que a ambulância e as equipes de emergência da região de Donetsk chegaram ao local apenas 20 minutos depois da tragédia.