Nepal: o terremoto de sábado foi o pior a atingir o país em 80 anos e o número de mortos pode ser ainda maior (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 26 de abril de 2015 às 09h23.
As equipes de resgate tentavam neste domingo encontrar sobreviventes do terremoto de magnitude 7,8 que atingiu o Nepal e alguns países vizinhos e que deixou até agora mais de 2.200 mortos, enquanto vários países anunciaram o envio de ajuda econômica e de socorristas.
Na manhã deste domingo novos tremores secundários atingiram o país, entre eles um de magnitude 6,7. Em Katmandu, a capital, as pessoas passaram a noite ao relento ou em barracas.
O porta-voz da polícia nacional, Kamal Singh Ban, disse que no Nepal o número de mortos chegava a 2.152 pessoas, enquanto 4.629 teriam ficado feridas. Um balanço anterior informava sobre 1.953 mortos.
Na Índia, as autoridades estimam em 57 o total de mortos, contra um balanço anterior de 53. A televisão estatal chinesa afirmou, por sua vez, que 17 pessoas morreram na região do Tibete.
O terremoto de sábado foi o pior a atingir o Nepal em 80 anos e o número de mortos pode ser ainda maior, indicou no sábado à AFP um funcionário da ONG Médicos do Mundo, que disse que as organizações humanitárias têm dificuldades para avaliar a magnitude da catástrofe.
Os Estados Unidos anunciaram o envio de equipes de socorro e o desbloqueio de uma primeira parcela de um milhão de dólares.
Especialistas da União Europeia viajarão à zona afetada e Berlim, Londres, Paris e Madri prometeram ajudas, enquanto a Noruega anunciou o desbloqueio de 3,5 milhões de euros.
A Índia evacuou seus cidadãos bloqueados através de aviões militares, enquanto 62 equipes de resgate chinesas chegaram à região com cães treinados.
"Mobilizamos todos os nossos recursos para a busca e o resgate", disse à AFP o porta-voz da polícia nacional do Nepal, Kamal Singh Bam. "Enviamos helicópteros às áreas remotas. Estamos buscando entre os escombros dos edifícios que desabaram para ver se conseguimos encontrar alguém".
No Everest, onde o terremoto provocou uma avalanche que deixou ao menos 18 mortos, seis helicópteros evacuaram os feridos que estavam no acampamento base, situado a 5.000 metros de altura. Após a avalanche, que ocorreu quase um ano depois do desastre no qual 16 sherpas morreram no ano passado, a temporada de escalada foi cancelada.
O porta-voz do Departamento de Turismo, Tulsi Gautam, informou que 61 pessoas ficaram feridas.
"Não sabemos suas nacionalidades, mas a maioria delas seriam estrangeiras", informou à AFP Ang Tshering Sherpa, presidente da associação nepalesa de montanhismo, que disse que no momento do terremoto havia 800 pessoas no acampamento.
Hospitais cheios
Em Katmandu, centenas de edifícios desabaram. A histórica torre Dharahara, uma das maiores atrações turísticas da cidade, não resistiu aos abalos e seus nove andares vieram abaixo deixando uma montanha de escombros.
Durante a noite, os contínuos tremores secundários seguiram atingindo a capital do país.
"Não pudemos dormir por toda a noite. Como poderíamos ter dormido? O chão não parava de tremer. Só nos resta rezar para que isso termine e possamos entrar em nossas casas", disse Nina Shrestha, um jovem que trabalha no setor das finanças.
Os hospitais estavam cheios de feridos, a maioria com fraturas múltiplas e traumatismos. Muitos médicos atendiam as pessoas em tendas de campanha anexas devido à grande quantidade de feridos, mas também porque muitas pessoas tinham medo de entrar no edifício.
O terremoto bloqueou as estradas da capital e provocou danos no aeroporto internacional, que precisou ser fechado por motivos de segurança.
As comunicações, a eletricidade e a água corrente foram cortadas, indicou a ONG Oxfam, que "se prepara para levar água potável e artigos de primeira necessidade", segundo a diretora de seu escritório no Nepal, Cecilia Keizer.
Segundo a previsão meteorológica, neste domingo haverá chuva em Katmandu, o que complicará a situação dos afetados.
"Achei que estava morto"
O executivo do Google Dan Fredinburg foi um dos montanhistas cuja morte foi confirmada na avalanche do Everest.
George Foulsham, biólogo marinho residente em Cingapura, lembrou o momento em que foi derrubado pelo que descreveu como "um edifício branco de 50 andares".
"Corri, mas a neve me derrubou. Tentei me levantar, mas me derrubou outra vez. Não podia respirar, pensei que estava morto", explicou à AFP.
"Quando no fim consegui me levantar, não podia acreditar que havia saído ileso do que me ocorreu", acrescentou.