Equador: O tremor ocorreu às 19h (21h de Brasília) de sábado e durou aproximadamente um minuto (Reuters/Lalo Calle)
Da Redação
Publicado em 17 de abril de 2016 às 20h05.
O forte terremoto de 7,8 graus de magnitude que atingiu o Equador na noite de sábado deixou até agora 246 mortos e 2.527 feridos, segundo o último balanço divulgado neste domingo pelo vice-presidente equatoriano, Jorge Glas, que visita a região costeira, a mais afetada pelo abalo.
"A cifra atualizada total consolidada que temos agora é de 246 cidadãos que perderam a vida e ao redor de 2.527 feridos", declarou Glas à imprensa, sem detalhar o número de desaparecidos após o terremoto, o mais grave no país em quase 40 anos.
O terremoto de 7,8 graus - o mais forte desde 1979 - teve uma duração de aproximadamente um minuto e afetou seis províncias da costa equatoriana, de norte a sul.
Em Portoviejo (oeste), uma das cidades mais afetadas, o cenário era desolador: casas destruídas, um mercado desabado, postes de luz caídos nas ruas e escombros espalhados pelo asfalto, onde muitos decidiram passar a noite, ainda abalados pelo forte tremor.
"Foi horrível, é a primeira vez que sinto um terremoto como este, acho que durou um minuto e meio. Parecia que a casa iria cair. Estou surpresa, não imaginava que essa cidade ficaria assim", declarou Bibi Macontos, de 57 anos.
Com epicentro na província de Manabí (oeste, a 300 km de Quito) este é o terremoto mais forte desde 1979.
O tremor ocorreu às 19h (21h de Brasília) de sábado e teve uma duração de aproximadamente um minuto. Foi também sentido no sul da Colômbia e no Peru, onde até o momento não foram registradas vítimas fatais.
"Estamos enfrentando uma tragédia de magnitude", disse o presidente Rafael Correa do Vaticano, para onde viajou para participar em um fórum sobre desigualdade.
Em sua oração de Regina Coeli neste domingo, o papa pediu pelos equatorianos.
"Um violento terremoto atingiu o Equador, causando numerosas vítimas e graves danos. Roguemos por sua população. Que a ajuda de Deus e de seus irmãos lhes dê força e consolo", disse Francisco.
A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, expressou a solidariedade da UE e anunciou que o mecanismo de proteção civil para oferecer apoio foi ativado.
"Nossos pensamentos estão com as vítimas, seus familiares e amigos e com todos aqueles que foram afetados", disse Mogherini em comunicado.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, ofereceu neste domingo suas condolências e manifestou a vontade de Washington de ajudar as autoridades equatorianas.
O governo espanhol também lamentou neste domingo transmitiu os "sentimentos de solidariedade" a todos os afetados.
"Nesses momentos difíceis momentos, o povo espanhol se solidariza com o equatoriano e deseja expresar todo seu ânimo e apoio", disse Rajoy em mensagem dirigida a Rafael Correa.
Terremoto 20 vezes mais forte que no Japão
David Rothery, professor de ciências planetárias na Open University do Reino Unido, explicou que "o terremoto do Equador se deu em terra" e que a energia total liberada foi aproximadamente 20 vezes maior que a do terremoto do Japão na madrugada de sábado.
"Não existe uma relação causal entre os terremotos do Equador e do Japão. Cerca de vinte terremotos de magnitude 7 ocorrem todo ano no mundo", afirmou o especialista.
Até a manhã desse domingo foram contabilizadas 135 réplicas, segundo o Instituto Geofísico de Equador.
O governo decretou "o estado de exceção para proteger a ordem pública" e descartou um alerta de tsunami, assim como fizeram as autoridades colombianas.
Carlota López, de Guayaquil, estava em um carro quando começou a sentir o forte tremor.
"Os cabos de luz balançavam muito e tive medo que caíssem no carro. Logo depois acabou a luz da cidade", relatou à AFP por telefone.
"O carro balançava como se houvesse pessoas do lado de fora o empurrando com muita força", contou.
Correa anunciou que o Equador receberá o apoio de equipes de resgate da Colômbia e do México.
O presidente, que voltará ao Equador neste domingo, garantiu que foram ativas linhas de crédito de contingência "por cerca de 600 milhões de dólares".