São Paulo – Existem pelo menos 513 milhões de hectares de florestas comunitárias, reconhecidas legalmente em todo o mundo. Esses terrenos, mantidos coletivamente por populações rurais ou indígenas, revelam-se aliados na luta pela preservação ambiental e no combate às mudanças climáticas.
Isso porque essas áreas armazenam cerca de 37 bilhões de toneladas de carbono — 29 vezes a pegada de carbono anual de todos os veículos de passageiros do mundo. É o que mostra um novo relatório do World Resources Institute (WRI), em parceria com o Rights and Resources Initiative (RRI).
Fortalecer os direitos das comunidades florestais e expandir suas áreas é, segundo o estudo, uma oportunidade para os governos cumprirem suas metas climáticas ao mesmo tempo em que protegem o meio ambiente.
Desmatamento e outras alterações de uso da terra produzem cerca de 11% das emissões de gases de efeito estufa no mundo.
A falta de direitos legalmente reconhecidos deixa as comunidades vulneráveis à perda de suas terras para criadores de gado, madeireiros ilegais, ou empresas - e deixa as florestas vulneráveis ao corte ilegal, avalia a pesquisa.
“Comunidades têm interesse na gestão sustentável de suas florestas, uma vez que dependem delas para alimentação, medicamentos, materiais de construção, produtos para vender, e outros serviços. É por isso que as taxas de desmatamento em florestas comunitárias são muito mais baixas do que em florestas geridas por outras entidades”, afirmam os autores.
De acordo o relatório, o desmatamento de florestas no Brasil provavelmente teria sido 22 vezes mais elevado sem o reconhecimento legal das comunidades indígenas.
Por aqui, o desmatamento em terras indígenas chega a ser 11 vezes menor do que em outras áreas, enquanto que na Guatemala, o desmatamento terras indígenas e comunidades tradiconais é até 20 vezes menor.
Ao lado de México e Bolívia, Brasil e Guatemala são reconhecidos na pesquisa como países que garantem direitos florestais fortes, com áreas significativas de florestas comunitárias legalmente reconhecidas.
No entanto, em outros países latino-americanos, como a Colômbia, Equador, Honduras, Nicarágua e Peru, os direitos são mais fracos.
Segundo o estudo, essas comunidades locais prestam um serviço ambiental valioso, que deveria ser reconhecido e até mesmo recompensado financeiramente por ajudar a manter a floresta de pé e evitar emissões.
Seria uma proposta parecida com o programa REDD+, mecanismo que busca reconhecer a contribuição das florestas em mitigar mudanças climáticas através do sequestro de carbono.
O estudo busca influenciar as discussões na COP 20, que ocorre em Dezembro, em Lima, no Peru. Na ocasião, estará em pauta a contribuição que cada país dará para reduzir consideravelmente suas emissões de carbono, antes de um compromisso definitivo a ser adotado, em Paris, em 2015.
As Nações Unidas querem limitar o aquecimento global a 2ºC com base nos níveis pré-industriais, mas cientistas dizem que as tendências de emissões atuais podem fazer as temperaturas subir para mais que o dobro deste nível até o fim do século.
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1. Uma janela para o futuro
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1/9 (Getty Images)
São Paulo - É comum ouvir no debate sobre
mudanças climáticas que o pior ainda está por vir. Ao olhar para foto de uma mãe em prantos com uma criança no colo, na cidade de Tacloban, nas Filipinas, que foi detruída por um tufão no ano passado, não dá para ignorar o óbvio: nós já vivemos o pior que poderíamos em nossa geração. E nossos filhos e nossos netos enfrentarão - se nada for feito até lá - o que de pior poderão viver no seu tempo. É exatamente isso o que mostra a segunda parte do
IPCC, o painel de cientistas da
ONU, que faz um diagnóstico do clima e de seus efeitos para o
meio ambiente, as pessoas, as cidades, os governos, o mundo como o conhecemos hoje. O alerta vem na forma de previsões que consideram o aumento de 2 a 4 graus Celsius na temperatura do globo. Nos próximos slides, você vai conhecer os principais perigos que o futuro nos reserva em frente da atual falta de ação dos governos.
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2. 1 – Ameaças à mesa
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2/9 (Getty Images)
O relatório traz uma conta que, além de salgada, não fecha: a produtividade agrícola pode cair 2% por década até o final do século, ao passo que a demanda deverá aumentar 14% até 2050. É uma perda preocupante contra a qual será preciso lutar, sob a dura pena de mergulhar bilhões de pessoas na fome – um mal que atinge um em cada sete habitantes do planeta.
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3. 2 - Mais pobres e mais famintos
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3/9 (Christopher Furlong/Getty Images)
A escalada dos preços dos alimentos é uma questão de vida e morte para as populações que vivem em países em desenvolvimento e que gastam até 75% de sua renda para conseguir comer. Como se não bastasse, os mais pobres também são os mais afetados pelos extremos do clima, uma vez que seus países estão menos preparados para lidar com essas alterações.
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4. 3 – Imigrações em massa
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4/9 (Getty Images)
Segundo o documento, "centenas de milhões de pessoas" serão forçadas a migrar por causa de inundações costeiras e cheias fluviais e outras catástrofes que afetarão suas terras. São os chamados refugiados climáticos.
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5. 4 - Escassez de água
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5/9 (Nacho Doce/Reuters)
A água também se tornará mais escassa. Considerando um cenário com uma população mundial 7% maior do que a de hoje, para cada aumento de um grau na temperatura, haverá 20% menos disponibilidade de água.
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6. 6 – Riscos à saúde humana
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6/9 (Greenpeace/Divulgação)
As ameaças à saúde são um tema comumente negligenciado nas discussões sobre mudanças climáticas, que costumam focar no debate sobre o meio ambiente e efeitos econômicos. Mas o novo relatório do IPCC mostra que os riscos à saúde são reais e precisam ser encarados. Na lista, entram o aumento de doenças transmitidas por mosquitos ou típicas de zonas úmidas e incremento da mortalidade e de doenças provocadas pelo calor. Outro perigo vem da contaminação de alimentos e da água consumidos nas regiões mais vulneráveis do globo.
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7. 6 - Aumento de cheias
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7/9 (REUTERS/Supri)
Não são poucas as regiões no mudo vulneráveis à elevação do nível do mar e às cheias de rios, e a situação pode piorar. Segundo o novo relatório do IPCC, centenas de milhões de pessoas correm risco de ser afetadas por cheias no litoral, a maior parte na Ásia, até 2100. Até lá, o número de vulneráveis poderá triplicar considerando o pior cenário de aquecimento, de mais 4.8 graus Celsius, em comparação com o cenário mais brando, de até 1,7 graus.
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8. 8 - Oceanos pedem ajuda
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8/9 (Jenny W / SXC)
Como a água, que ajuda a regular a temperatura do corpo humano, os oceanos são os maiores aliados da Terra para manutenção do seu equilíbrio climático. Eles absorvem grande parte da radiação solar que atinge o Planeta e também funcionam como sumidouros de dióxido de carbono (CO2). Mas esses heróis do clima já se revelam vítimas do aquecimento global. Desde o início da era industrial, a acidez das águas do planeta aumentou 30% alcançando um nível sem igual nos últimos 55 milhões de anos. Várias formas de vida marinhas podem ser prejudicadas. O relatório destaca que a acidificação interfere principalmente no desenvolvimento das espécies com carapaça ou esqueleto de carbonato cálcico, como corais e moluscos. O estudo também alerta para uma grande redistribuição pelos oceanos em todo o mundo até 2060, diminuindo nas regiões tropicais e crescendo nas latitudes médias e altas, em decorrência das mudanças climáticas.
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9. 9 - Prejuízos econômicos
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9/9 (AFP)
O Painel da ONU não define com exatidão as possíveis perdas econômicas decorrentes das mudanças climáticas e catástrofes naturais. Mas faz uma estimativa conservadora, que dá uma ideia dos riscos ennolvidos: as perdas econômicas podem variar de 0,2% a 2% do PIB mundial. Considerando a pior hipótese, estamos falando de US$ 1,4 trilhão de dólares por ano.