Rio Xingu, onde deve ser construída a usina de Belo Monte: o país pode abrir mão do potencial da Amazônia? (Paulo Jares/VEJA)
Da Redação
Publicado em 3 de abril de 2012 às 19h32.
São Paulo - As obras de construção da usina de Belo Monte foram retomadas nesta terça-feira em todas as frentes de trabalho, confirmaram o Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM) e o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada do Estado do Pará (Sintrapav), que representa os trabalhadores da hidrelétrica. A entidade deu o dia 16 como prazo final para uma contraproposta às reivindicações encaminhadas pelos trabalhadores ao consórcio, mas já está marcada para o próximo dia 10 uma reunião entre as partes.
As reivindicações dos trabalhadores são de revisão dos salários, redução do intervalo para visita à família (baixada), aumento do vale alimentação, melhorias do transporte e cumprimento de cláusulas do acordo coletivo. Além disso, sindicato e consórcio também devem negociar sobre os dias parados.
O CCBM exigiu o retorno ao trabalho dos operários para dar início à negociação, o que, segundo o Sintrapav, foi aprovado pelos trabalhadores na última sexta-feira. A retomada das atividades deveria ter sido feita no sábado, dia de trabalho em Belo Monte, mas segundo o sindicato e o consórcio houve o bloqueio da estrada que leva aos canteiros. Ontem, o CCBM efetuou o pagamento dos trabalhadores e por isso não houve expediente.
Em informativo distribuído aos trabalhadores de Belo Monte, o Sintrapav afirma que pessoas estão "infiltradas no meio da categoria, fazendo tumulto e propagando a violência". Segundo a entidade, essas pessoas teriam interesses políticos, inclusive relacionados ao ano eleitoral ou estariam buscando interromper definitivamente a construção da usina.
Ainda no documento, o Sintrapav se declara o "legítimo e único representante dos trabalhadores da categoria, e nenhuma federação, central sindical ou outra entidade sindical tem competência para fazer reivindicações e melhorias para a categoria".
O sindicato reivindica também que o CCBM e a Justiça garantam o direito do trabalhador que quer trabalhar "sem ser constrangido e sem sofrer violências".