Mulher morta na Turquia durante ação militar: em Istambul, os militares abriram fogo contra uma multidão durante um protesto contra a tentativa de golpe (Stringer/Reuters)
Da Redação
Publicado em 15 de julho de 2016 às 21h36.
Ancara - Um grupo de militares do Exército anunciou na sexta-feira ter assumido o poder na Turquia, provocando uma onda de violência que já deixou 17 policiais mortos e vários civis feridos na madrugada deste sábado em Ancara e Istambul.
A agência oficial Anatólia informou que o Parlamento turco, em Ancara, foi bombardeado na madrugada de sábado, sem dar mais detalhes sobre o ataque, realizado por aviões.
O correspondente da AFP na capital turca ouviu uma violenta explosão e rajadas de balas na região do Parlamento.
Em Istambul, os militares golpistas abriram fogo contra uma multidão durante um protesto contra a tentativa de golpe, ferindo vários civis, constatou um fotógrafo da AFP.
Os soldados atiraram contra a multidão em uma das pontes sobre o Bósforo, que une Europa à Ásia, onde vários civis feridos eram socorridos por ambulâncias.
Soldados turcos controlam uma via em Istambul, no dia 16 de julho de 2016
Na capital Ancara, dezessete policiais foram mortos no quartel-general das forças especiais do Exército, revelou a agência oficial Anatólia, sem dar detalhes.
Ainda na capital turca, um caça F-16 da Força Aérea derrubou um helicóptero Sikorsky das forças "golpistas", informou uma fonte ligada à presidência.
Na noite de sexta-feira, vários tanques do Exército cercaram o Parlamento em Ancara e o aeroporto internacional Ataturk, em Istambul.
Violentas explosões foram ouvidas na capital, acompanhadas de troca de tiros no centro da cidade, enquanto aviões sobrevoavam a metrópole sem parar, a baixa altitude.
Em declarações por telefone à rede CNN-Turk, Erdogan disse estar confiante em que "de modo algum os golpistas terão sucesso", e pediu à população que se "reúna nas praças públicas e nos aeroportos" para resistir a uma "tentativa de golpe de Estado" lançada por "uma minoria dentro do Exército".
"Não acredito absolutamente que estes golpistas vencerão", disse Erdogan, "prometendo uma resposta muito forte" aos insurgentes.
Erdogan foi levado para um local "seguro", afirmou um funcionário ligado à presidência.
Segundo um comunicado dos militares lido no canal de televisão NTV, "o poder no país foi tomado em sua integralidade". A mesma informação constava do site do Estado-Maior do Exército.
"Não permitiremos que a ordem pública seja alterada na Turquia (...). Foi imposto o toque de recolher até nova ordem", segundo um comunicado firmado pelo "Conselho da Paz no país".
Logo após o anúncio dos militares, duas pontes sobre o estreito de Bósforo em Istambul foram fechadas parcialmente, e as forças de segurança controlavam as avenidas que levam à Praça Taksim, entre outros pontos, revelou a imprensa local.
Segundo os militares, a tomada do poder tem por objetivo "garantir e restaurar a ordem constitucional, a democracia, os direitos humanos, as liberdades e a prevalência da lei suprema" em todo território turco.
"Todos os nossos acordos e compromissos internacionais seguem vigentes. Esperamos que continuem nossas boas relações com os demais países", assinala o comunicado militar.
De acordo com a agência oficial Anatolia, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, "general Hulusi Akar, é mantido como refém por um grupo de militares que tentam uma revolta".
O primeiro-ministro turco, Binali Yildirim, denunciou o que chamou de uma "tentativa ilegal" de ação por parte de elementos do Exército turco, depois da ocupação de pontos estratégicos em Istambul pelos militares.
"Estamos trabalhando com a possibilidade de uma tentativa [de ação ilegal]. Nós não vamos permitir esta tentativa", declarou Yildirim, por telefone, à emissora de televisão NTV.
"Aqueles que participam deste ato ilegal vão pagar um preço alto", garantiu o premiê, minimizando o episódio - que segundo ele não seria correto descrever como um "golpe".
A imprensa turca assumiu abertamente a "tentativa de golpe de Estado" após a CNN-Türk reportar uma mobilização "extraordinária" em frente à sede do estado-maior do Exército.