Protestos na Venezuela: Forças armadas disseram que vão fazer "uso proporcional da força" (Ivan Alvarado/Reuters)
EFE
Publicado em 29 de julho de 2017 às 13h01.
Caracas - A tensão na Venezuela cresceu neste sábado (29) de forma especial na véspera das eleições para a Assembleia Nacional Constituinte amanhã, em meio às fortes medidas de segurança para o pleito e às críticas da oposição e da comunidade internacional.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) deve divulgar os últimos detalhes sobre a instalação dos centros de votação que estavam 96% prontas, segundo a presidente do órgão, Tibisay Lucena.
Lucena alertou que em 53 dos 335 municípios do país foram registrados "fatos de violência política focalizada" dentro da onda de protestos iniciada em 1º de abril e que deixou 109 mortos, centenas de feridos e quase 5 mil presos.
Além disso, as Forças Armadas, que terão 200 mil homens nas ruas nas eleições de amanhã, reiteraram que buscarão garantir a continuidade do processo e responderão a qualquer ameaça fazendo "uso proporcional da força".
A emissora estatal "VTV" tem dedicado toda a programação para convidar os venezuelanos a participar da escolha dos representantes da Assembleia Constituinte, um processo que, segundo a procuradora-geral do país, Luisa Ortega Díaz, é rejeitada por 90% dos cidadãos.
A Mesa da Unidade Democrática (MUD), principal aliança de oposição, tem convocado a população a levantar barricadas em várias cidades do país desde a quarta-feira, quando iniciou uma greve geral de 48 horas contra a Constituinte. O processo é visto como uma tentativa do governo para "consolidar uma ditadura".
Os opositores do presidente do país, Nicolás Maduro, acertam os últimos detalhes para as ações que serão realizadas amanhã, quando pretendem tomar as principais avenidas da Venezuela para expressar repúdio à Constituinte, que terá participação apenas de chavistas.
O poder ilimitado da Assembleia Nacional Constituinte, uma vez constituída, gera temor entre a população. Muitos venezuelanos têm estocado alimentos, geralmente escassos devido à severa crise econômica sofrida pela Venezuela há dois anos.
O dia começou sem protestos na rua e à espera de pronunciamentos que, na grande maioria, serão de órgãos ligados ao governo.