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Tenha raízes, não tenha medo: as lições de vida do Papa Francisco em seu livro

Pontífice parte de sua trajetória de vida para mostrar seus pontos de vista e dar conselhos

Homenagem ao Papa Francisco em Nova Déli, na Índia (Sajjad Hussain/AFP)

Homenagem ao Papa Francisco em Nova Déli, na Índia (Sajjad Hussain/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 22 de abril de 2025 às 16h55.

Última atualização em 22 de abril de 2025 às 17h11.

O Papa Francisco usou mais de um terço de sua autobiografia para falar da origem de sua família. São mais de cem páginas que relatam a história de sua família e a sua infância, para enfatizar uma de suas principais lições: a importância de valorizar as raízes.

Em "Esperança", livro lançado no começo deste ano em vários idiomas, o papa parte de sua história pessoal para defender seus pontos de vista e dar conselhos. No texto, ele conta que seus avós vieram da Itália para a Argentina. Seu pai nasceu na Itália e sua mãe, filha de genoveses, em Buenos Aires. Em seguida, ele traça paralelos entre a jornada de sua família, feita há mais de cem anos, com a dos imigrantes atuais, que tentam chegar à Europa de barco ou cruzam a fronteira dos EUA pelo deserto em busca de uma vida melhor.

Além do passado migrante, Francisco conta sua infância e juventude na periferia de Buenos Aires, em um bairro de trabalhadores. O papa também ressalta ali a importância de cada pessoa valorizar de onde veio. Para ele, uma árvore sem raízes fortes não tem como dar frutos.

Ao se tornar papa, em 2013, ele deixou claro suas origens logo no primeiro discurso, ao dizer que os cardeais haviam ido buscá-lo "quase no fim do mundo". No livro, o caminho entre a infância e o Vaticano é contada por meio de cenas espaçadas. Francisco decidiu se tornar padre ainda adolescente, depois de um momento de iluminação.

Antes de entrar para o seminário, estudou química. Depois de ser ordenado padre, optou por ser jesuíta e teve uma vida marcada por viagens missionárias, como um período em que viveu no Chile, e pelo envolvimento com a educação. Ele foi professor e diretor de entidades de ensino antes de se tornar arcebispo de Buenos Aires, em 1998.

Pecados do papa

O papa diz que, ao longo de sua vida, diversas vezes teve momentos de dificuldade. Ele confessa que pecou em diversas ocasiões, embora não detalhe muito os casos, e conta que teve dúvidas sobre quais caminhos seguir em vários momentos da vida. Ao mesmo tempo, defende a importância da esperança e da coragem para seguir em frente.

"O medo é a origem da escravidão, e é a origem de toda forma de ditadura, porque é sobre a exploração dos medos populares que crescem a indiferença e a violência. É uma gaiola que nos exclui da felicidade e arranca o futuro de nós", escreve o papa.

"Mas um único homem, uma única mulher é suficiente para que a esperança exista, e esse homem e essa mulher podem ser você. Então há outro "você", e outro "você", e então nos tornamos "nós". Para nós, cristãos, o futuro tem um nome e esse nome é esperança", defende.

"Ter esperança não significa sermos otimistas ingênuos que ignoram a tragédia do mal humano. A esperança é a virtude de um coração que não se fecha na escuridão, não para no passado, não rasteja no presente, mas consegue ver claramente o amanhã", prossegue.

O papa termina seu livro com uma defesa firme de que a igreja busque se aproximar dos fiéis, em vez de se fechar em si, e que leve pelo mundo a mensagem de que o melhor ainda está por vir.

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