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Temores nucleares têm de ser enfrentados, diz chefe da AIEA

Diretor de orgão da ONU defende padrões mais rígidos para segurança nuclear

Yukiya Amano, diretor-geral da AIEA: "A crise de Fukushima Daiichi tem enormes implicações para a energia nuclear e nos faz deparar com um grande desafio" (Getty Images)

Yukiya Amano, diretor-geral da AIEA: "A crise de Fukushima Daiichi tem enormes implicações para a energia nuclear e nos faz deparar com um grande desafio" (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 4 de abril de 2011 às 10h16.

Viena - O diretor da agência atômica da ONU disse em um fórum de segurança nuclear nesta segunda-feira que padrões mais rígidos e transparência total são vitais para restaurar a confiança pública na energia nuclear após a crise da usina japonesa de Fukushima.

O Japão luta há mais de três semanas para estabilizar a usina atingida por um forte terremoto seguido de tsunami. O desastre desencadeou uma reavaliação do uso desta tecnologia em todo o mundo.

"A crise de Fukushima Daiichi tem enormes implicações para a energia nuclear e nos faz deparar com um grande desafio", disse Yukiya Amano, diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) durante o encontro com 72 países em Viena.

Falando na convenção destinada a rever as diretrizes de segurança nuclear, que foi agendada antes da crise, Amano disse aos delegados que não podem ter uma abordagem do tipo "mais do mesmo".

"As preocupações de milhões de pessoas ao redor do mundo sobre a segurança da energia nuclear devem ser levadas a sério."

"O comprometimento rigoroso com os padrões internacionais de segurança mais robustos e com a transparência total são vitais para restaurar e manter a confiança pública na energia nuclear", declarou ele.

A emergência japonesa na usina danificada colocou sob os holofotes o quanto a agência da ONU está equipada para lidar com um acidente que tem implicações para outros Estados-membros.

Pacto Voluntário


Uma ferramenta para reforçar os padrões é a Convenção de Energia Nuclear, cujas delegações debatem nesta segunda-feira, mas o pacto é voluntário.

O organismo das Nações Unidas não tem capacidade de aplicar quaisquer das recomendações que divulga - ao contrário de seus poderes de deter a proliferação de possíveis armas nucleares.

Amano disse que no final de 2010 mais de 60 países-membros da AIEA informaram à agência sediada em Viena estarem cogitando a adoção de programas de energia atômica.

"Em vista do acidente de Fukushima, alguns países anunciaram revisões de seus planos de energia nuclear", disse ele, acrescentando entretanto que as motivações básicas do interesse por esta fonte de energia não mudaram.

"Elas incluem a demanda global crescente por energia, as preocupações com a mudança climática, os preços voláteis de combustíveis fósseis e a segurança energética", declarou Amano.

A Alemanha e a Suíça disseram que irão fechar reatores antigos ou suspender autorizações, a China suspendeu a autorização de novas usinas e Taiwan está estudando o corte no uso de energia atômica.

O presidente chinês da cúpula de duas semanas salientou a necessidade de reforçar os regulamentos de segurança de energia nuclear, assim como a cooperação internacional em tais temas.

Mas levando-se em conta a segurança energética e a mudança climática, o diretor da Administração Nacional de Segurança Nuclear da China, Li Ganjie, disse que a energia nuclear ainda é preferida por mais países como fonte de energia segura e econômica.

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