Armas atômicas: Obama presidirá uma sessão plenária sobre o aumento da segurança nos materiais e arsenais nucleares de cada país (Ralph Lee Hopkins/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 30 de março de 2016 às 14h42.
Washington - O temor de que os materiais necessários para fabricar uma arma atômica caiam em mãos de grupos terroristas como o Estado Islâmico (EI) será o tema central amanhã e sexta-feira da quarta Cúpula de Segurança Nuclear, da qual participarão líderes de mais de 50 países com a notável exceção da Rússia.
A cúpula internacional é realizada a cada dois anos desde 2010 por iniciativa do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que prometeu no começo de seu mandato transformar a não-proliferação nuclear em uma prioridade e que agora lidera sua última reunião mundial sobre o tema.
Os avanços do EI para além de Iraque e Síria e os ataques terroristas da semana passada em Bruxelas elevaram o interesse da Casa Branca em abordar na cúpula o risco de que esse e outros grupos terroristas roubem os materiais nucleares que vários países abrigam para seu uso civil ou militar.
"Sabemos que as organizações terroristas têm o desejo de conseguir acesso a esses materiais e de ter um artefato nuclear. Esse foi o caso com a Al Qaeda e é certamente o caso com o EI", disse o assessor adjunto de segurança nacional de Obama, Ben Rhodes, em entrevista coletiva por telefone.
Um dos painéis da cúpula de sexta-feira se centrará especificamente nas ameaças apresentadas pelo EI, "tanto no contexto de prevenir a disseminação de materiais nucleares como a respeito de melhorar as medidas contra o terrorismo" em geral, explicou Rhodes.
"É importante que falemos da ameaça mais letal apresentada pelas organizações terroristas e essa é sua capacidade de adquirir materiais nucleares", ressaltou o assessor.
Os Estados Unidos não têm por enquanto "indicações explícitas" de que o EI esteja tentando conseguir uma bomba nuclear improvisada, mas acredita ser necessário tomar medidas para prevenir esse cenário, afirmou aos jornalistas Laura Holgate, encarregada do controle de armas no Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca.
A cúpula começará amanhã à noite com um jantar de trabalho na Casa Branca, no qual Obama e os chefes de cada delegação "compartilharão suas perspectivas sobre a ameaça de terrorismo nuclear", segundo Rhodes.
Na sexta-feira Obama terá uma reunião com representantes do Grupo 5+1 (EUA, França, Rússia, China, Reino Unido e Alemanha) e da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para repassar os "avanços" na implementação do acordo nuclear alcançado no ano passado com o Irã, acrescentou o assessor.
Em seguida, Obama presidirá uma sessão plenária sobre o aumento da segurança nos materiais e arsenais nucleares de cada país. Após tirar a foto oficial, os participantes participarão de um almoço de trabalho e da sessão centrada no EI.
A cúpula está marcada pela ausência da outra grande potência nuclear mundial, a Rússia, que decidiu não participar em protesto pelo que considera uma interferência no trabalho da AIEA.
"Acreditamos que a decisão da Rússia de não participar com uma representação de alto nível é uma oportunidade perdida para eles, acima de tudo. A única coisa que estão conseguindo é isolar-se", opinou Rhodes.
Três presidentes latino-americanos estarão em Washington para a cúpula: o mexicano Enrique Peña Nieto, o argentino Mauricio Macri, e a chilena Michelle Bachelet; enquanto a presidente Dilma Rousseff decidiu não viajar devido à crise política em seu governo.
Entre os líderes também estarão presentes o presidente francês, François Hollande; o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron; o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi; o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan; o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko; o presidente do Cazaquistão, Nursultan Nazarbayev, e o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
Na quinta-feira, Obama terá uma reunião trilateral com a presidente sul-coreana, Park Geun-hye, e o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe; seguida de um encontro bilateral com o presidente da China, Xi Jinping.
A expectativa é que a preocupação nos Estados Unidos e no sudeste asiático sobre o programa nuclear e de mísseis da Coreia do Norte ganhe protagonismo nessas duas reuniões, segundo a Casa Branca.