Eleições: o que ocorreria com um alto índice de abstenção é uma incógnita, já que o fenômeno pode ser acompanhado de um aumento exponencial no voto em branco (Chris Wattie/Reuters)
EFE
Publicado em 6 de maio de 2017 às 16h34.
Paris - Mais de 45 milhões de franceses foram convocados a irem às urnas neste domingo para escolher entre dois modelos irreconciliáveis de país em uma eleição que tem como favorito o centrista Emmanuel Macron, mas cujo resultado depende do nível de participação da população.
Se cerca de 80% dos eleitores exercerem seu direito a voto como ocorreu no primeiro turno, as pesquisas preveem uma vitória folgada de Macron, com mais de 20 pontos percentuais de vantagem sobre a líder da extrema direita Marine Le Pen.
O que ocorreria com um alto índice de abstenção é uma incógnita, já que o fenômeno pode ser acompanhado de um aumento exponencial no voto em branco, algo que ocorre pela grande rejeição a ambos os candidatos em alguns setores da sociedade francesa.
A campanha mais ofensiva dos últimos anos ganhou um novo capítulo na noite de sexta-feira, quando milhares de documentos internos do movimento "En Marche", fundado por Macron, foram roubados por hackers e divulgados nas redes sociais.
As regras eleitorais não permitem que os candidatos falem publicamente na véspera do pleito, o que evitou que Le Pen explorasse politicamente o vazamento dos documentos.
A única reação da Frente Nacional (FN) foi expressada pelo vice-presidente do partido, Florian Philippot, minutos antes das 0h de hoje, quando entrava em vigor a "lei do silêncio". Em um tweet, ele escreveu: "Ensinarão os #MacronLeaks coisas que o jornalismo investigativo escondeu deliberadamente?"
O "En Marche" denunciou que os arquivos hackeados - e-mails, documentos contábeis e contratos - foram obtidos há várias semanas graças à invasão de contas de e-mail pessoas e profissionais de representantes da campanha de Macron.
Segundo o movimento fundado pelo ex-ministro da Economia, os autores do ataque incluíram documentos falsos junto aos autênticos para "semear a dúvida e a desinformação".
Para a campanha de Macron, o ataque foi uma "tentativa de desestabilizar as eleições presidenciais", assim como tinha ocorrido nos Estados Unidos no pleito vencido por Donald Trump.
No último dia 26 de abril, o "En Marche" confirmou que tinha sido alvo de pelo menos cinco ciberataques realizados por profissionais e atribuídos ao mesmo grupo de hackers russos, o Pawn Storm, que foi acusado de ter roubado e-mails da campanha da candidata democrata nas eleições americanas, Hillary Clinton.
Em uma reação fulminante, a Comissão Nacional de Controle da Campanha Presidencial na França lembrou todos os cidadãos, e especialmente os veículos de comunicação, que a difusão de documentos roubados pode ser alvo de ações penais.
O ainda presidente François Hollande afirmou que o ataque cibernético não ficará sem resposta. Ele também admitiu que existia o risco de que uma ação semelhante ocorresse. "Isso já ocorreu em outros lugares", afirmou.
A votação, que começou hoje nos territórios franceses ultramar e nos consulados no continente americano, terá segurança reforçada, assim como já tinha ocorrido no primeiro turno.
Mais de 50 mil policiais estarão nas ruas, apoiados por 7 mil militares mobilizados na Operação Sentinelle de combate ao terrorismo no país.
O ataque realizado por um jihadista no último de 20 de abril em Paris, no qual morreu um policial, e a prisão ontem de um radicalizado que pretendia organizar um atentado em uma base militar na Normandia mantêm as forças de segurança em estado de alerta.