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Telescópio europeu Euclides descobre novos "planetas órfãos"

Eles vagam pelo espaço sem ligação direta com nenhuma estrela

Representação artística de um planeta órfão na região da estrela múltipla Rho Ophiuchi, fornecida pelo Observatório Europeu do Sul em 22 de dezembro de 2021 (AFP)

Representação artística de um planeta órfão na região da estrela múltipla Rho Ophiuchi, fornecida pelo Observatório Europeu do Sul em 22 de dezembro de 2021 (AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 29 de maio de 2024 às 10h35.

 O telescópio espacial europeu Euclides descobriu sete novos planetas órfãos, corpos solitários que vagam pelo espaço sem ligação com nenhuma estrela.

Diferentemente da Terra, estes astros não têm dia nem noite, meses ou anos. No entanto, alguns cientistas acreditam que poderia haver bilhões deles na galáxia e que alguns poderiam reunir formas de vida.

A descoberta foi divulgada na última sexta-feira, 24, em um estudo científico publicado na arXiv.org, um dia após o anúncio de novas imagens e dados do Euclides.

Estes planetas errantes, gigantes gasosos com uma massa pelo menos quatro vezes maior que a de Júpiter, foram localizados na nebulosa de Órion, uma região de formação de estrelas situada a cerca de 1.500 anos-luz da Terra.

Segundo o astrônomo espanhol Eduardo Martín, principal autor do estudo, esta é só "a ponta do iceberg". Mas encontrá-los é como "procurar uma agulha em um palheiro", uma vez que não refletem a luz de uma estrela próxima, explicou.

Os sete planetas observados pelo telescópio tinham a vantagem de serem muito quentes e, portanto, produzirem radiações que facilitaram sua descoberta.

Não tão solitários

Lançado ao espaço no ano passado, o Euclides também confirmou a existência de dezenas de outros planetas órfãos, que já haviam sido detectados anteriormente.

Pesquisas sugerem que para cada estrela haveria cerca de 20 planetas errantes, que não pertenceriam a nenhum sistema solar. Isto significa que haveria trilhões deles na Via Láctea, e um número incalculável em todo o universo.

O lançamento do telescópio espacial Roman, da Nasa, em 2027, poderia ajudar a especificar esta quantidade.

Estes mundos estranhos despertam em Gavin Coleman, astrônomo da Queen Mary University of London, um "sentimento de admiração e mistério". "Todos nós crescemos com a visão do Sol no céu, o que torna fascinante pensar em um planeta flutuando no espaço sem nenhuma estrela no horizonte", disse à AFP.

No entanto, alguns não estão tão sozinhos. Dos mais de 20 planetas órfãos confirmados, pelo menos quatro seriam planetas binários, que orbitam um ao lado do outro.
Segundo Martín, "alguns de nossos vizinhos mais próximos são, sem dúvidas, planetas órfãos".

Formas de vida

Sem os raios de um sol próximo, acredita-se que estes astros sejam extremamente frios e possuam uma superfície gelada.

Portanto, o calor necessário para manter uma forma de vida deveria emanar de seu interior. Um bom exemplo é Netuno, um gigante gelado cuja temperatura superficial provém principalmente da energia de seu núcleo.

Mas mesmo nas melhores condições, Coleman estima que este isolamento extremo só permitiria formas de vida bacterianas ou microbianas, como as observadas no fundo dos oceanos da Terra, na escuridão total.

Esta existência solitária pode não ser tão prejudicial, uma vez que "a proximidade de uma estrela tem suas desvantagens", segundo o coautor do estudo Christopher Conselice, professor de astronomia extragaláctica na Universidade Britânica de Manchester.

Como se espera da Terra, que será queimada ou absorvida em 7,6 bilhões de anos por um Sol transformado em uma gigante vermelha, os planetas órfãos não têm essa preocupação.
"Estes objetos viverão para sempre. Se você não se importa com as temperaturas congelantes, você pode sobreviver lá para sempre", disse Conselice à AFP.

O estudo realizado com base nos dados do Euclides sugeriu pistas sobre a formação dos planetas órfãos. Alguns poderiam nascer nas bordas de um sistema estelar antes de se separarem para flutuar de forma solitária.

Mas a investigação prevê que muitos deles apareceriam como "subprodutos naturais" da formação estelar, disse Conselice.

Segundo ele, poderia haver "uma ligação muito forte entre estrelas e planetas através do processo de sua formação".

 

 

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