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Tarifas de Trump: Canadá alerta que EUA vão depender de petróleo da Venezuela

Presidente americano afirmou que vai taxar em 25% as importações do país a partir deste sábado, assim como ao México; consultoria estima perda de US$ 200 bi para o PIB americano

Tarifas de Trump: impacto no comércio de petróleo entre EUA, Canadá e Venezuela (ROBERTO SCHMIDT/AFP)

Tarifas de Trump: impacto no comércio de petróleo entre EUA, Canadá e Venezuela (ROBERTO SCHMIDT/AFP)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 31 de janeiro de 2025 às 15h29.

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Um dia após o presidente americano Donald Trump afirmar que vai aplicar, a partir deste sábado, tarifas de 25% sobre os produtos mexicanos e canadenses, os principais parceiros comerciais dos EUA reagiram.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse que as tarifas de Trump "anulariam” o pacto de livre comércio da América do Norte. A ministra de Relações Exteriores do Canadá, Mélanie Joly, afirmou que a decisão pode fazer com que os EUA se tornem dependentes do petróleo da Venezuela.

“Enviamos petróleo com desconto, que, no fim das contas, é refinado no Texas. Se não formos nós, será a Venezuela”, afirmou Mélanie em entrevista ao jornal britânico Financial Times, referindo-se aos tipos pesados de petróleo produzidos na Venezuela e no Canadá, dos quais muitas refinarias americanas dependem. “Não há outra opção na mesa, e este governo (dos EUA) não quer trabalhar com a Venezuela”, acrescentou.

Impacto no setor energético e automotivo

O México é um grande exportador de frutas, o Canadá é a principal fonte de petróleo bruto para os EUA, e ambos os países são fundamentais para o setor automotivo. Apesar de os EUA serem o maior produtor de petróleo do mundo, as refinarias do Meio-Oeste dependem do Canadá para até 75% do petróleo bruto que processam.

“O USMCA tem a ver com livre comércio e ausência de tarifas. Se esse cenário ocorrer, obviamente o acordo comercial seria deixado de lado”, afirmou a presidente mexicana durante a coletiva de imprensa que concede às sextas-feiras.

Com um possível anúncio se aproximando, o ministro da Economia do México, Marcelo Ebrard, afirmou que as tarifas afetariam 12 milhões de consumidores dos EUA que compram carros fabricados no México. Os preços de refrigeradores, computadores, televisores, cerveja e frutas também aumentariam, e os consumidores americanos poderiam enfrentar escassez desses produtos. Por essa razão, as tarifas seriam “um erro estratégico” para os EUA, concluiu Ebrard.

Canadá prepara lista de retaliação

Autoridades do governo do primeiro-ministro Justin Trudeau já elaboraram uma lista de produtos americanos que poderão ser alvo de tarifas caso a guerra comercial se intensifique. O valor estimado da retaliação é de US$ 105 bilhões, segundo fontes próximas ao governo.

Entre os produtos que podem ser taxados estão:

Café da Louisiana
Bourbon do Kentucky
A medida é semelhante à adotada em 2018, quando Trump impôs tarifas sobre as importações de aço e alumínio.

Além disso, Trudeau considera opções ainda mais drásticas, incluindo impostos sobre exportações estratégicas do Canadá para os EUA, como petróleo e urânio.

Estimativa de perda bilionária para os EUA

O Instituto Peterson de Economia Internacional calcula que uma tarifa de 25% contra o México e o Canadá reduziria o PIB dos EUA em cerca de US$ 200 bilhões até o fim do governo Trump. Já uma tarifa adicional de 10% sobre produtos da China reduziria o PIB americano em US$ 55 bilhões nos próximos quatro anos.

'Os americanos vão pagar preços mais altos pelos carros'

A indústria automotiva ilustra os desafios da integração econômica da América do Norte: empresas com sede nos EUA utilizam peças, instalações e trabalhadores nos três países. Executivos do setor afirmam que o impacto das tarifas sobre automóveis seria sentido rapidamente.

“Os americanos serão forçados a pagar preços mais altos pelos carros por um longo período, e isso simplesmente não é viável”, afirmou Linda Hasenfratz, presidente executiva da fabricante de autopeças Linamar Corp.

Francisco González, presidente executivo da Associação Nacional da Indústria de Autopeças, disse que substituir muitos componentes por materiais dos EUA é difícil, seja pelo grande volume – o volante de um único modelo de veículo pode ter 30 peças diferentes – ou pela escassez.

“Os Estados Unidos não têm a mão de obra necessária para realizar essas atividades”, acrescentou.

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