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Tarifas ao México e Canadá começam amanhã e não há espaço para reverter, diz Trump

Medida impõe taxas de 25% sobre importações de produtos canadenses e mexicanos; Na tarde desta segunda-feira, o presidente americano também anunciou um aumento na taxa imposta à China

A justificativa do governo de Trump para a decisão é pressionar esses países a conter o fluxo de drogas e migrantes para os EUA ( Andrew Harnik / Getty Images via AFP)

A justificativa do governo de Trump para a decisão é pressionar esses países a conter o fluxo de drogas e migrantes para os EUA ( Andrew Harnik / Getty Images via AFP)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 3 de março de 2025 às 18h20.

Última atualização em 3 de março de 2025 às 18h37.

Donald Trump, presidente americano, confirmou nesta segunda-feira (3) o temor de seus parceiros comerciais: entrará em vigor amanhã (4), a nova rodada de tarifas sobre produtos importados do Canadá, México e China.

A medida impõe um acréscimo de 25% sobre todas as exportações mexicanas e canadenses para os EUA. Também na tarde de hoje, o presidente americano confirmou um aumento de 100% na tarifa sobre produtos chineses, que passou de 10% para 20%. Ele chamou a decisão "de fracasso de Pequim em combater o comércio ilícito de fentanil". 

"As tarifas, vocês sabem, já estão definidas. Elas entram em vigor amanhã", disse o presidente americano em pronunciamento na Casa Branca.

A fala contrariaria uma declaração do secretário de Comércio, Howard Lutnick, à Bloomberg, sobre uma possível queda da taxa inicial de 25%. 

A justificativa do governo de Trump para a decisão é pressionar esses países a conter o fluxo de drogas e migrantes para os EUA. No entanto, deve ter impactos significativos sobre empresas que dependem de supply chains, cadeias de suprimentos internacionais, além de aumentar os custos para os consumidores americanos.

Trump já havia ameaçado impor as tarifas a partir de 4 de fevereiro, mas adiou por um mês no caso do Canadá e do México, após medidas como o envio de mais tropas mexicanas à fronteira e a nomeação de um "czar do fentanil" pelo governo canadense. Já as tarifas sobre a China começaram a valer imediatamente, levando a uma retaliação de Pequim.

Reação do mercado

O anúncio das tarifas derrubou os mercados financeiros dos EUA. O índice S&P 500 caiu mais de 2% , registrando sua pior queda diária do ano até agora. O Russell 2000, que mede empresas menores mais expostas à economia real, recuou 2,5%. Já o índice de volatilidade VIX, conhecido como "medidor do medo" de Wall Street, subiu para 24 pontos, acima da média histórica.

Empresas e governos estrangeiros têm buscado formas de mitigar os impactos das tarifas. Delegações do Canadá e do México intensificaram visitas a Washington nas últimas semanas para negociar alternativas. Já a China tem adotado uma postura mais cautelosa, tentando entender quais são as demandas estratégicas de Trump para o relacionamento bilateral.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, afirmou que as conversas com autoridades americanas foram "muito boas", mas ressaltou que a decisão final cabe a Trump. Segundo dados exibidos pela líder mexicana, as apreensões de fentanil na fronteira caíram 49,9% entre outubro de 2024 e janeiro de 2025 . "Temos um plano A, B e C", disse Sheinbaum, sinalizando que o México está preparado para qualquer desfecho.

Impacto nas cadeias de suprimentos

As novas tarifas devem afetar setores como automóveis, eletrônicos e até produtos de consumo como bombas para amamentação. Canadá, México e China representam juntos mais de 40% das importações dos EUA , e especialistas alertam que os novos impostos podem elevar a tarifa média americana a patamares não vistos desde os anos 1940.

Para os vizinhos norte-americanos, o impacto será ainda mais severo, pois a maioria dos produtos exportados ao mercado dos EUA não enfrenta tarifas desde os anos 1980, devido a acordos de livre comércio.

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