Evelyne Coulombe, chefe da diplomacia canadense na Alemanha. (Divulgação)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 20 de fevereiro de 2025 às 17h12.
Hanover, Alemanha* - As tarifas comerciais impostas pelo presidente Donald Trump contra o Canadá fizeram o país ter consciência de que não pode depender mais dos Estados Unidos. Com isso, haverá mais ímpeto para se aproximar de outros países, incluindo o Brasil, avalia Evelyne Coulombe, chefe da diplomacia canadense na Alemanha.
"Assinamos um acordo com o Equador recentemente e também temos um com a Colômbia. Vejo oportunidades reais para aprofundar nossa relação comercial com a América do Sul, incluindo o Brasil", disse, à EXAME.
Ela também considera que as ações que o Canadá tomou para que Trump adie as tarifas deverão ser suficientes para evitar que as medidas sejam adotadas de vez. “Há fentanil e imigrantes ilegais chegando aos EUA, mas menos de 1% de todo o fentanil nos EUA vem do Canadá, e, no caso dos imigrantes, também menos de 1%", disse Coulombe à EXAME.
"Mas, independentemente disso, mesmo uma única gota de fentanil já é demais, então investimos 1 bilhão de dólares para reforçar ainda mais nossa fronteira. Esperamos que isso satisfaça as condições para que as tarifas não sejam impostas em 4 de março", prosseguiu a representante.
Coulombe é a encarregada de negócios da embaixada canadense em Berlim e comanda a diplomacia canadense na Alemanha, pois o cargo de embaixador está vago, após a morte do embaixador John Horgan, em novembro. Antes, ela foi cônsul do Canadá no Rio de Janeiro, de 2017 a 2020.
No começo de fevereiro, Trump, determinou tarifas de importação de 25% para quase todos os produtos canadenses, e de 10% para itens de energia. A medida foi adiada até 4 de março, o que abriu caminho para negociações.
Canadá e Estados Unidos possuem tratados de livre-comércio desde os anos 1980, e as economias dos dois países são fortemente integradas. As tarifas poderão trazer sérios danos para a economia canadense, apontam especialistas, bem como aumentar preços para os consumidores dos EUA.
"Não ouvimos falar sobre isso durante a campanha [de Trump]. Como temos um acordo de livre comércio entre o Canadá, os EUA e o México, assinado durante o primeiro mandato de Trump, tínhamos a esperança de que o Canadá e o México fossem isentos das tarifas. Foi surpreendente virar alvo de tarifas", disse Coulombe.
Mesmo antes das ameaças de Trump, o Canadá vinha buscando diversificar os parceiros comerciais, conta ela. "Desde que o acordo de livre comércio foi assinado entre o Canadá e a União Europeia em 2017, houve um aumento de 44% no comércio bilateral. Em 2023: o comércio bilateral total entre o Canadá e a Alemanha foi de 21 bilhões de dólares", afirma.
Coulombe esteve presente em um evento de apresentação da feira industrial Hannover Messe, evento do qual o Canadá será parceiro este ano. A feira começa em 31 de março e reunirá mais de 4.000 empresas.
* O repórter viajou a convite da Hannover Messe.