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Tamanho de navios dificulta resgate em naufrágios

Analistas também apontam que a grande variedade de línguas tornou mais difícil os procedimentos de fuga do navio Costa Concordia

O Costa Concordia no porto de Roma: quase 300 metros de extensão (Vincenzo Pinto/AFP)

O Costa Concordia no porto de Roma: quase 300 metros de extensão (Vincenzo Pinto/AFP)

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Da Redação

Publicado em 16 de janeiro de 2012 às 12h33.

Rennes, França - O tamanho gigantesco dos navios e a procedência multinacional dos passageiros e tripulantes, que os transformam em verdadeiras Torres de Babel, complicam as operações de resgate em caso de naufrágio, como aconteceu com o cruzeiro italiano "Costa Concordia".

"O que mais chama a atenção é o tamanho do cruzeiro, quase 300 metros de extensão", enfatizou Jacques Loiseau, presidente da Afcan (Associação Francesa de Capitães de Navio), entrevistado pela AFP.

"Com frequência advertimos aos meios marítimos sobre esta tendência ao gigantismo dos navios", observou Loiseau. "Em caso de naufrágio, com tal tamanho, jamais será possível salvar todo mundo, inclusive nas melhores condições", assinalou.

Com seus 290 metros de extensão, o "Costa Cocordia" podia receber até 3.780 passageiros, o que requeria uma tripulação de mil pessoas.

Cerca de 4.200 passageiros e tripulantes estavam a bordo do navio quando este encalhou numa rocha e naufragou, matando seis pessoas.

Alguns navios ou ferrys podem receber até 6.000 passageiros e 2.000 membros da tripulação.

Esta tendência ao gigantismo dos navios preocupa as autoridades. Prova disso é que este foi o tema de um exercício de resgate no Canal da Mancha em setembro passado, dentro do fórum da Guarda Costeira do Atlântico Norte (North Atlantic Coast Guard Forum), que reuniu 20 países.

"O aumento considerável do número de passageiros a bordo dos navios acarreta novas obrigações vinculadas à segurança das embarcações", observa o documento de apresentação do exercício da Guardex.

"No caso de um desastre, seria difícil para um único país fornecer todos os meios de socorro necessários, e seria imprescindível uma operação internacional", adverte o texto.


Em caso de naufrágio ou desastre em um destes navios, "a evacuação e o resgate dos passageiros se tornam operações de grande complexidade, com um risco muito grande de perdas humanas", enfatizou o documento.

O exercício de 2011 simulava um incêndio em um ferry gigantesco - 4.000 passageiros e 1.000 membros da tripulação - entre a costa norte da Bretanha, na França, e um porto do Reino Unido.

No mar, em caso de acidente, "pode-se evacuar 10 ou 20 pessoas graças aos helicópteros. Mas 2.000 ou 3.000 passageiros é impossível", admite a prefeitura marítima do Atlântico.

Outra dificuldade no caso do "Concordia" foi a diversidade dos idiomas, tanto entre os passageiros, que pertenciam a 60 nacionalidades diferentes, como entre os tripulantes.

Segundo a companhia Costa Cruzeiros, proprietária do navio, a tripulação estava composta por 40 nacionalidades diferentes, em sua maioria asiáticos.

Segundo um colombiano que trabalhava no barco, "a tripulação asiática, que representava praticamente a metade, falava muito mal o inglês e se comunicava por sinais" com os passageiros e o resto da tripulação.

A diversidade dos idiomas "é um fator determinante nos momentos importantes" nas operações de socorro. "É preciso bastante treinamento para superar este obstáculo porque o pânico atrapalha a comunicação", concordou Loiseau.

As ordens devem ser repetidas em diversos idiomas dos passageiros e os membros da tripulação na maioria das vezes carecem do conhecimento das palavras necessárias nestes momentos, concluiu Loiseau.

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