Militantes talibãs: na terça-feira passada, o grupo anunciou um encontro entre o governo afegão e os insurgentes para a "primeira semana de março" (Majid Saeedi/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 25 de fevereiro de 2016 às 09h28.
Cabul - Os talibãs asseguraram nesta quinta-feira que para pôr fim ao conflito afegão é "necessário" um diálogo de paz com os Estados Unidos, uma semana antes da reunião que o governo afegão vai ter com os insurgentes para reavivar as negociações suspensas há sete meses.
"Se os americanos querem de verdade pôr fim à invasão e ao conflito, então é necessário manter um diálogo com eles", disse à Agência Efe o porta-voz do grupo insurgente, Zabiullah Mujahid.
O porta-voz argumentou que Washington e os talibãs são as "principais partes rivais no conflito afegão", por isso que conversar com terceiros (em relação ao governo afegão) "não será mais efetivo" do que um diálogo com os "invasores".
Os EUA, que derrubaram os talibãs após invadir o país em 2001, faz parte do denominado Grupo a Quatro (G4) junto com China, Paquistão e Afeganistão, cuja missão é constituir um roteiro para o processo de paz.
Na terça-feira passada, o grupo anunciou um encontro entre o governo afegão e os insurgentes para a "primeira semana de março".
Mujahid disse hoje que seu grupo ainda não foi "convidado oficialmente" para esse encontro, que se espera aconteça em Islamabad, e acrescentou que só tiveram acesso aos detalhes do plano traçado pelo G4 através das imprensa.
"Neste momento não podemos rejeitar nem aceitar ter um diálogo com Cabul, porque nossa comissão política ainda não decidiu se fala com Cabul ou não", disse o porta-voz talibã.
No entanto, insistiu que "qualquer" grupo que queira acabar com o conflito deve levar em consideração as "condições" de seu partido, entre elas o fim da "invasão" americana e o estabelecimento de um mandato islâmico no Afeganistão.
Os talibãs se mostraram ambíguos em relação ao processo de paz com Cabul, que em algumas ocasiões rejeitaram plenamente e em outros momentos condicionaram a medidas como a retirada das sanções da ONU renovadas em dezembro do ano passado.