Mundo

Talibãs rompem diálogo com EUA em visita de secretário

Os insurgentes atribuíram 'a responsabilidade' do fracasso das negociações 'a postura cambaleante e imprecisa' dos Estados Unidos

Enquanto isso, a guerra no Afeganistão atravessa um de seus momentos mais sangrentos desde a invasão dos EUA e a queda do regime talibã há mais de uma década (Behrouz Mehri/AFP)

Enquanto isso, a guerra no Afeganistão atravessa um de seus momentos mais sangrentos desde a invasão dos EUA e a queda do regime talibã há mais de uma década (Behrouz Mehri/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 15 de março de 2012 às 14h09.

Cabul - Os talibãs afegãos anunciaram nesta quinta-feira, durante visita ao país asiático do secretário de Defesa dos Estados Unidos, Leon Panetta, que suspenderam o diálogo com os EUA iniciado no início do ano por meio de um escritório no Catar.

Os insurgentes atribuíram 'a responsabilidade' do fracasso das negociações 'a postura cambaleante e imprecisa' dos EUA, e acusaram o país de não implementar medidas para favorecer um clima de diálogo, como por exemplo uma troca de prisioneiros.

'O Emirado Islâmico (como se autodenominam os talibãs) decidiu suspender todas as conversas com os norte-americanos até que eles demonstrem disposição para cumprir suas promessas', afirmaram os fundamentalistas em comunicado divulgado no site da organização.

Os insurgentes criticaram o que consideram uma campanha de propaganda enganosa feita pelos EUA contra os talibãs. Além disso, pediram que a comunidade internacional apoie seu movimento para expulsar as forças de segurança do Afeganistão.

Os talibãs garantiram, no entanto, que a possibilidade de diálogo permanece aberta se as negociações forem feitas 'entre nações soberanas que têm consideração pelas regras do outro', embora descartaram que o governo afegão do presidente Hamid Karzai lidere as conversas.

'O objetivo do escritório diplomático (no Catar) era estabelecer contato com a comunidade internacional em completa liberdade e fazer com que os invasores entendessem que não íamos abandonar a luta até sua retirada', afirmou o movimento fundamentalista islâmico.

Um porta-voz dos talibãs, Zabiula Mujahid, assegurou à Agência Efe que a decisão de suspender o diálogo não está relacionada ao massacre de 16 civis ocorrido no domingo passado na província de Kandahar, supostamente realizado por um soldado americano, que foi transferido para o Kuwait.


'A suspensão das negociações não está vinculada ao tiroteio dos EUA, mas os atacaremos em distintas partes do país e daremos uma resposta a sua ação desumana', disse Mujahid.

A ruptura unilateral do diálogo acontece durante a visita ao Afeganistão do secretário de Defesa dos EUA, Leon Panetta, que foi recebido com um aparente ataque quando o funcionário chegou à base da Otan de Camp Bastion, na província de Helmand.

Uma caminhonete, supostamente roubada, invadiu as instalações da fortificação e pegou fogo em seguida. Não havia explosivos no veículo e o motorista morreu no acidente. Ninguém ficou ferido.

Após o ocorrido, Panetta se reuniu hoje em Cabul com o presidente do país, que pediu que as tropas da Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf) da Otan 'abandonem as aldeias' do Afeganistão e 'permaneçam em suas bases' após o massacre de civis de domingo passado.

Segundo comunicado oficial, Karzai disse a Panetta em encontro na capital Cabul que as forças afegãs têm capacidade de garantir sozinhas a segurança no país e pediu que a Otan agilize o processo de transição.

O presidente afegão afirmou que 'ambas as partes precisam trabalhar para que a transferência de poder', que começou em julho do ano passado, 'complete-se em 2013 ao invés de 2014', como estava previsto anteriormente.

O líder afegão também aproveitou para pedir a Panetta que os EUA realizem 'uma investigação transparente' sobre o assassinato dos 16 civis em Kandahar.

A chacina e a queima de exemplares do Alcorão numa base da Otan no final de fevereiro aumentaram o sentimento antiamericano no país.

Enquanto isso, a guerra no Afeganistão atravessa um de seus momentos mais sangrentos desde a invasão dos EUA e a queda do regime talibã há mais de uma década.

Pelo menos oito civis afegãos, a maioria mulheres e crianças, morreram hoje na província de Uruzgan devido à explosão de uma bomba lançada no veículo em que viajavam, informou uma fonte policial citada pela agência afegã 'AIP'. 

Acompanhe tudo sobre:AfeganistãoÁsiaEstados Unidos (EUA)OtanPaíses ricos

Mais de Mundo

À espera de Trump, um G20 dividido busca o diálogo no Rio de Janeiro

Milei chama vitória de Trump de 'maior retorno' da história

RFK Jr promete reformular FDA e sinaliza confronto com a indústria farmacêutica

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde